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POLÍTICA
Conselho Federal afirma que Dietmar Samulski, escolhido pelo COB para ir a Atenas, exerce ilegalmente a profissão
Psicologia olímpica do Brasil é questionada
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O psicólogo Dietmar Samulski,
reforço da delegação brasileira em
Atenas, não é federado e pratica a
profissão ilegalmente, acusa o
Conselho Federal de Psicologia.
Além do nome do alemão radicado no Brasil há 14 anos não
constar nos registros do CFP, a
entidade consultou os conselhos
regionais, que tampouco tinham
Samulski entre os seus filiados.
Segundo o CFP, o fato de não ter
registro não o impede de dar aulas
ou realizar pesquisas -é professor na UFMG. Mas a entidade diz
que ele não poderia prestar atendimento, pois deixou de apresentar uma série de documentos e informações ao conselho.
""Isso é exercício ilegal da profissão. É como prestar atendimento
médico sem estar registrado no
Conselho Regional de Medicina",
compara Katia Rúbio, 42, conselheira do Conselho Regional de
Psicologia-SP e professora do curso de educação física da USP.
Após o retorno de Samulski de
Atenas, o CRP-SP o convocará
para uma reunião. ""Queremos saber o que está acontecendo. Não
queremos ver alguém sem a capacidade necessária atuando. Se for
mesmo psicólogo, sugeriremos
que se registre", afirma Vanda
Junqueira, presidente do CRP-SP.
Já o CFP afirma que o psicólogo
está passível de sofrer uma ação
na Justiça, mas que isso fica ""por
conta do Ministério Público".
O chefe médico do COB, João
Granjeiro, alega não entender os
questionamentos e a ameaça.
""O doutor [Samulski] é o presidente da Sociedade Brasileira de
Psicologia do Esporte, ninguém
pode questioná-lo. E não foi o
COB que o pôs lá. Pode ter havido
uma falha burocrática e ele não
ter enviado alguns documentos,
mas provavelmente o fará ao voltar ao Brasil", justifica Granjeiro.
""Ele não dá consulta aos atletas.
Em Atenas ele orienta técnicos e
comissões técnicas", completa.
As declarações de Granjeiro,
porém, conflitam com informações dadas pelo próprio Samulski.
Antes de embarcar para Atenas,
ele chegou a afirmar que o principal alvo de suas ações seriam os
novatos, como o nadador Thiago
Pereira. Na mesma oportunidade,
declarou que teria uma sala na Vila para atender individualmente
os atletas, até após as provas, para
atenuar os traumas de derrota.
Também, logo após desembarcar em Atenas, disse que o melhor
para a ginasta Daiane dos Santos
era criar uma blindagem para minimizar os efeitos do ambiente de
tensão -esse teria sido o motivo
de ela não ter dado entrevistas à
imprensa antes da final no solo. E
recomendou medidas de emergência como ""relaxamento muscular e técnicas de respiração".
Não é a primeira vez que o CFP
questiona as credenciais de um
profissional convocado pelo COB
para cuidar da cabeça dos atletas
-Roberto Shinyashiki, que exerceu a função em Sydney, também
esteve em sua linha de fogo. ""Ele
[o psiquiatra Shinyashiki, que
confirmou não ser psicólogo] usava métodos não-reconhecidos pela ciência, como andar em brasas.
Agora, o indicado do COB usa
métodos ortodoxos, mas não está
apto legalmente", diz Junqueira.
FIM DE FESTA
Os paraolímpicos não terão como escapar dos congestionamentos. O governo grego mudou de idéia e
extinguirá na terça as faixas
para tráfego exclusivo para
credenciados. Pelo plano
inicial, as faixas seriam
mantidas em setembro durante a Paraolimpíada.
DECEPÇÃO DUPLA
Um dia após perderem o
ouro no futebol, as jogadoras da seleção foram torcer
pelo basquete contra a
Austrália. Viram o time de
Janeth perder a chance do
ouro. O único consolo é
que, como apenas sairão da
Grécia na quarta-feira, pela
primeira vez desfilarão no
encerramento.
ORDEM DOS FATORES
Uma cena simples explica a
importância dos cavalos no
hipismo. A entrevista oficial dos três medalhistas
começou atrasada. Antes
de os cavaleiros falarem,
um veterinário tomou a palavra para informar a condição de saúde de Royal
Kaliber, montado pelo
americano Chris Kappler e
contundido no desempate
com Rodrigo Pessoa.
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