São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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FUTEBOL

No reencontro, meia encara ex-time melhor na tabela e ainda tenta justificar o investimento feito pelo São Paulo

Em baixa, Ricardinho revê Corinthians

DIOGO PINHEIRO
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um mês após ser apresentado como o principal reforço do São Paulo para o Brasileiro, o meia Ricardinho enfrenta hoje o Corinthians, seu ex-clube, numa situação bem diferente da planejada pelos dirigentes de seu novo time.
No clássico mais esperado e tenso da primeira fase do Nacional, às 16h, no Morumbi, os são-paulinos entram em campo num começo de crise -há três jogos sem vitória- e com antigos problemas que ainda não foram solucionados pelo reforço, como esperava a diretoria ao contratá-lo.
Ricardinho enfrentará ainda a torcida corintiana, que se revoltou com a polêmica negociação e vai distribuir reproduções de notas de um dólar com o rosto dele.
Por outro lado, o Corinthians entra em campo com seis pontos a mais que o rival na tabela, sem perder há cinco rodadas e sonhando com a liderança do Nacional. Essa situação confortável mostra que o time não se desintegrou sem Ricardinho.
Se não bastassem esses ingredientes, sobram ressentimentos dos jogos entre os rivais no primeiro semestre, com trocas de provocações e até agressões.
Mesmo como principal personagem de um jogo marcado pela tensão, Ricardinho tenta demonstrar frieza. "Nada do que a torcida fizer irá me atrapalhar", declarou o jogador.
Ele terá ainda de encarar a desconfiança de seus novos fãs, gerada pela irregularidade do time.
"Se o Ricardinho não tiver personalidade, ele pode se abalar. Afinal, a pressão que ele sofreu foi muito grande", disse o técnico corintiano, Carlos Alberto Parreira.
Na prática, o rendimento do São Paulo piorou desde a chegada de Ricardinho, que amarga o fato de ver o ex-clube em ascensão.
Com seu novo meia em campo, os comandados de Oswaldo de Oliveira perderam três jogos, ganharam um e empataram outro.
Ao contrário do que esperavam os dirigentes, o clube do Morumbi piora ofensivamente e melhora defensivamente com Ricardinho, de acordo com o Datafolha.
Nas partidas em que o meia atuou, o São Paulo desarmou mais os adversários. Porém, quando ele ficou fora, a equipe finalizou mais, com mais qualidade, passou melhor a bola e ainda deu mais dribles nos adversários.
No Corinthians, a saída do ex-ídolo provocou um efeito contrário. A equipe perdeu em ofensividade, mas ganhou em "pegada".
Na era pós-Ricardinho, o time de Parreira desarma, dribla e lança mais, além de ter melhorado em troca de passes.
"Nós mudamos muito a maneira de jogar. No nosso novo estilo de jogo, continuamos sendo eficientes", afirmou Parreira.
Ricardinho defende mais e ataca menos no novo clube do que fazia no Parque São Jorge. Hoje, sua média é de uma finalização por jogo, contra 2,3 no Corinthians. Antes, fazia 5,8 desarmes em média. Agora faz 7,4.
Ricardinho também não conseguiu acalmar seus companheiros, como esperava a diretoria. O time segue indisciplinado.


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