São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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OLIMPÍADA

Jogos Sul-Americanos deixam 20 esportes sem verba de ministério, que não tem mais dinheiro para repassar

Ensaio de Pan-2007 estrangula agenda de confederações

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os planos de 20 confederações esportivas nacionais foram prejudicados pelo fato de o Ministério do Esporte não ter mais dinheiro para ser repassado a elas. A principal causa disso foi o redirecionamento de verba do ministério à organização dos Jogos Sul-Americanos, no Brasil, em agosto.
A competição foi apontada como o trunfo para o Rio ter ganhado o Pan-2007, que por sua vez alavancaria eventual candidatura aos Jogos Olímpicos de 2012.
O orçamento anual previsto para o esporte de alto rendimento era de R$ 7,3 milhões. Os Jogos Sul-Americanos, garantidos pelo Brasil após a desistência de Argentina e Colômbia, consumiram R$ 4,6 milhões. O resto foi usado em atividades de algumas confederações. Mesmo assim, resta ainda a demanda de R$ 2,7 milhões da parte de 20 confederações.
A ministério tenta ainda aprovação de crédito orçamentário no valor de R$ 730 mil, mas que depende da assinatura do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Algumas participações de brasileiros em competições no exterior e eventos no Brasil já foram descartados por conta da situação.
Há duas semanas, foi anunciado que o Governo liberou R$ 10 milhões para o ministério. Porém confederações foram aconselhadas a não contar com esse dinheiro. Parte da verba já estaria empenhada, inclusive no pagamento de contas referentes a 2001.
A Confederação Brasileira de Ginástica cogita cancelar o Pan-Americano de trampolim, que custaria R$ 107,7 mil, previsto para novembro, em Brasília, pois logo não haverá mais tempo hábil para cumprir a burocracia, mesmo que o dinheiro saia.
A Confederação Brasileira de Desporto Terrestre tem problema igual. Com o dinheiro que receberia, organizaria o Mundial de punhobol. Há a expectativa de que sofra punição por não fazê-lo.
O judô será forçado a remanejar verbas, pois tem duas equipes de 16 atletas que disputarão o Sul-Americano, na Argentina, em outubro, e o Pan, no mês seguinte, na República Dominicana. Estima-se que os gastos com as duas competições atinjam R$ 180 mil.
""Acho que remanejaremos o dinheiro da Lei Piva [que iria para outras atividades"", diz Paulo Vanderlei Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô.
A Lei Piva institui que 2% do que for arrecadado pelas loterias federais seja direcionada ao Comitê Olímpico Brasileiro e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro.
Outras entidades, como a Confederação Brasileira de Boxe, não terão como recorrer à Lei Piva.
Apesar de ter selecionado cinco atletas que iriam ao Mundial feminino, enviará só uma representante, sem técnico, caso a confirmação da verba não saia até esta semana. Como o boxe feminino ainda não é olímpico, a CBB não pode usar o dinheiro das loterias.
Antes de a verba ter se esgotado, uma das entidades, a Associação Brasileira de Desporto para Amputados foi beneficiada, apesar de ainda constar na lista de quem ainda tem verba a receber.


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