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FUTEBOL
Freddy Adu: o orgulho americano
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Chegou a vez do outro lado.
Domingo passado, espaço
foi dado ao futebol iraquiano,
mais do que nunca heróico. Agora, o orgulho americano, leia-se
Freddy Adu, pede passagem.
O que o futebol dos EUA significou para o mundo até este começo de milênio? Quase nada. O que
pode significar neste século? Quase tudo, segundo os americanos.
Um garoto de 13 (?) anos, que
não nasceu na América, explica a
euforia dos conterrâneos de Bush.
Talvez você já tenha ouvido falar de Adu. O menino ganhou notoriedade por ter sido chamado
para a seleção juvenil norte-americana com só 13 anos, o que seria
um recorde mundial. Joga (e muito) com caras de até 17 anos.
Em questão de poucos dias
(pouco antes do conflito), tomou
páginas dos jornais "The New
York Times" e "The Washington
Post". Mais: especial na revista
"Sports Ilustrated". Adu virou sinônimo de futebol nos EUA.
Natural de Gana, foi naturalizado americano por se tratar de
um fenômeno esportivo (também
de marketing). Como humilhava
jogadores profissionais com 12 (?)
anos, despertou o interesse até da
Inter de Milão (os clubes da MLS
travam intensa luta pelo garoto).
Dúvidas surgiram sobre a real
idade de Adu. Seu talento precoce
e sua origem africana são indícios. Mas todas as investigações
feitas e todos os documentos encontrados atestam que ele tem
hoje 13 anos. O jovem craque espera ainda pelo resultado de exame ósseo que pode pôr fim às suspeitas de sua condição de "gato".
Enquanto isso, Adu reina. Nas
eliminatórias para o Mundial
sub-17, recentemente, roubou a
cena. Fez gols, e pelo menos um
deles saiu bem ao seu estilo: arrancada do tipo Ronaldo, série de
dribles e finalização potente.
"Eu gosto de pegar a bola e partir em velocidade para cima dos
defensores, um a um", diz Adu.
Adidas, empresários, jornalistas... A vida do menino, agora em
Bradenton, na Flórida, local do
centro de treinamento da seleção
juvenil de seu novo país, se transformou em céu e inferno. Como se
fosse um grande astro da mídia
(talvez não devesse usar esse fosse), ele tem sido "poupado".
Neste ano, Adu aparecerá no
Mundial sub-17 (classificou o time), deverá figurar no próximo
Mundial sub-20 (neste ano, se a
guerra e a Fifa deixarem) e poderá jogar no ano que vem na Olimpíada de Atenas (torneio sub-23),
quando alcançará seus 15 anos.
"Seus dribles são incríveis. O
único jogador no mundo hoje
com mais talento no drible que
ele é Zidane", diz Arnold Trazy,
um dos primeiros técnicos que
trabalharam com Adu nos EUA.
"Ele tem uma inabalável confiança com a bola. Dribles rápidos. Se você der qualquer espaço,
ele destruirá a sua defesa", disse
Dave Sarachan, técnico do Chicago Fire, uma das franquias da
MLS, após sua equipe ser batida
por 2 a 1, com dois gols de Adu,
em uma partida de exibição.
Exagero? Muita aposta em uma
simples promessa? Nos EUA, há
uma certeza: em 2006, a seleção
do país irá à Copa e será Adu e
mais dez em campo. Como Pelé,
ele brilhará no Mundial aos 17.
Eis a palavra dos americanos.
Freddy
"Toda vez que você pensa que ele fez alguma coisa impossível ele faz
alguma outra coisa impossível", afirma Michael Bradley, companheiro na seleção sub-17 dos EUA. ""Um homem cego galopando em
um cavalo pode ver seu talento. É um pequeno ovo Fabergé", diz Ray
Hudson, técnico do Washington United. "Quando ele está em ação,
não tem 13 anos", conta John Ellinger, técnico da seleção sub-17 dos
EUA. "Sem dúvida nenhuma é o garoto mais talentoso que já vi nessa
idade", afirma Bruce Arena, técnico da seleção principal dos EUA.
"O escolhido: aos 13 anos, o prodígio do futebol da América tem o
mundo aos seus pés", estampa a revista "Sports Ilustrated".
Adu
"Ele é só um jovem menino", diz Emeli Adu, mãe de Freddy.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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