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sorte e azar
Brasil faz rota da jogatina na Ásia
Usinas de apostas clandestinas, Cingapura, Vietnã e China vivem escândalos por resultados viciados
Estudo da Universidade de
Pequim estima em R$ 158
bilhões por ano os gastos
em apostas esportivas no
país-sede da Olimpíada
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A HANÓI
Não é por Ronaldinho e companhia que o futebol é uma verdadeira febre no roteiro da seleção olímpica pela Ásia.
Cingapura e Vietnã, palcos de
amistosos do time de Dunga na
última segunda e depois de
amanhã, respectivamente, e
China, sede dos Jogos, estão no
epicentro do imenso furacão
das apostas, quase todas clandestinas e feitas pela internet,
em jogos de futebol no mais populoso dos continentes.
Febre que fez desses países
uma usina de escândalos de resultados arranjados e de viciados em apostas. Que estão tendo a chance de testar a sorte
nos jogos do Brasil -o amistoso
contra Cingapura fez parte até
da programação da casa de
apostas oficiais da cidade-estado do Sudeste Asiático.
Partidas que engordam um
pouco mais o bilionário mercado de apostas em futebol nos
três países por qual passará o time olímpico na Ásia.
Estudo da Universidade de
Pequim estima em US$ 100 bilhões anuais (cerca de R$ 158
bilhões) os gastos em apostas
esportivas na China. Mais da
metade desse valor vai para
palpites em jogos de futebol de
todo o mundo, especialmente
de ligas européias e competições entre países, como a Copa
e torneios continentais.
Bem menor e mais pobre, o
Vietnã, que antes do Brasil teve
como único visitante ilustre
nos últimos anos a Juventus de
Turim, estuda até legalizar as
apostas no futebol. Para o governo local, isso pode significar
uma arrecadação de US$ 2 bilhões em impostos em um país
onde mais da metade da população adulta tem o hábito de
apostar em competições esportivas, com novamente o futebol
na dianteira.
Tanto dinheiro é a senha para transformar o futebol local,
além de suspeitas em outras
partes do mundo, em alvo fácil
de gente interessada em manipular resultados para faturar
alto com as apostas.
As ligas nacionais de Vietnã,
Cingapura e China estão entre
as recordistas de jogadores e
treinadores presos por resultados arranjados.
Em 2008, seis jogadores de
um clube de Cingapura foram
presos por terem recebido cada
um, por intermédio do treinador do time, US$ 20 mil para
manipular o resultado de seis
partidas do time local.
"Fichinha" perto do que já
aconteceu na China e no
Vietnã. Neste último, dois jogadores da seleção nacional foram presos em 2005 por manipularem resultados em prol de
apostadores. Pior aconteceu na
China, onde em 2006 a manipulação generalizada de resultados na liga nacional provocou
violentos protestos de torcedores, boicote às partidas e a prisão de dezenas de jogadores e
de treinadores.
As polícias da Ásia também
tentam apertar o cerco às máfias que controlam as apostas
de futebol. No início deste mês,
uma operação em vários países,
incluindo Cingapura, Vietnã e
China, acabou com um saldo de
1.300 presos.
"As apostas ilegais na China
são uma mancha negra no nosso futebol. É um câncer que está destruindo o futebol da Ásia.
Mas nós não podemos lutar
apenas com nossas federações", declarou Mohammed
bin Hammam, o presidente da
confederação asiática, dando
um recado de que é o governo
chinês que deve providenciar
medidas para acabar com a manipulação de resultados.
O Comitê Olímpico Internacional disse que ficará atento
nos Jogos de Pequim, que começam dia 8, para eventuais resultados estranhos e a movimentação de apostas on-line
em resultados da Olimpíada.
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