São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008

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Cuca "pai e padrasto" tenta reagir

Com regalias e duras nos jogadores, técnico tenta tirar Santos da zona de rebaixamento do Nacional

Hoje, contra o Internacional, time deve ir a campo sem ouvir preleção de treinador para, segundo ele, tirar a pressão de seus atletas


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

A cena foi relatada por conselheiros santistas. Enquanto fazem uma de suas refeições na concentração, os jogadores da equipe do litoral assistem tranqüilamente a televisão. A prática, proibida na época de comando de Emerson Leão, foi liberada pelo técnico Cuca.
O lado amigo do treinador nem sempre está presente. Em tempos de crise, por sinal, têm sido freqüentes os arroubos de fúria do paranaense, que costuma chutar tudo o que vê pela frente no vestiário quando as coisas não dão certo.
As duas faces de Cuca, a de "pai" e "padrasto", fazem parte do repertório do técnico para tentar livrar o Santos da zona de rebaixamento do Brasileiro. Ele até abandonou o hábito da preleção antes dos jogos para "tirar a pressão" de seus atletas. Sem ela, o time enfrentará hoje, às 21h50, o Internacional, em Porto Alegre, após sua melhor partida no torneio, a goleada por 5 a 2 sobre o Vasco.
O resultado tirou a equipe da Vila Belmiro da lanterna, mas não da zona dos quatro piores do campeonato -os santistas estão em 18º lugar, com 14 pontos. O martírio do clube dura desde a rodada inaugural do torneio, mas quem tem canalizado as críticas é Cuca.
O treinador tem sofrido dura resistência de dirigentes do clube. Com fama de ter complexo de perseguição por onde passa, desta vez, ele, de fato, está sendo fritado. Apesar disso, encontrou, com seu jeitão peculiar, apoio no grupo.
Para isso, teve de ceder a alguns desejos de seus comandados. Além de liberar a televisão, cartolas contam que o jogo de sinuca se tornou um hábito nas concentrações do time no CT, prática estritamente proibida nos tempos de Leão.
Em seus momentos mais difíceis, porém, Cuca chegou a tomar medidas que colocaram em risco seu relacionamento com o elenco. Após completar cinco jogos sem vencer, ele antecipou a concentração, mesmo se dizendo contra "regimes militares". Alegou que queria impedir as baladas de seus boleiros. "Estamos cansados de ver jogadores saírem na véspera do jogo e chegarem às quatro, cinco da manhã", disse.
"A comida aqui [no CT] é boa. Tem pebolim, sinuca, carteado, TV a cabo. Eles terão o teipe de jogos do Atlético. É uma delícia. Ninguém aqui é nazista. Eu também gosto de ficar em casa", justificou à época.
Houve revolta no grupo e, após reunião entre o treinador e o goleiro Fábio Costa, o lateral Kléber e o atacante Kléber Pereira, Cuca voltou atrás.
Não à toa, depois do episódio, os jogadores passaram a dizer que jogavam para tentar salvar o chefe, com a cabeça a prêmio.
O mesmo elenco acusado de ter sido o maior responsável pela queda de Leão.
Os privilégios ao elenco, porém, não impedem que Cuca seja acometido por momentos de fúria. Como durante a derrota para o Palmeiras, em que deu uma bronca em público no goleiro Felipe, que teve péssima atuação e perdeu a vaga para Douglas. No mesmo jogo, ele substituiu o colombiano Molina, que vinha bem na partida, e quase foi agredido pelo atleta, que nem punido foi. Foi titular domingo, e será nesta noite.


NA TV - Internacional x Santos
Globo (para Santos) e Band (para SP), ao vivo, às 21h50



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