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Cuca "pai e padrasto" tenta reagir
Com regalias e duras nos jogadores, técnico tenta tirar Santos da zona de rebaixamento do Nacional
Hoje, contra o Internacional,
time deve ir a campo sem
ouvir preleção de treinador
para, segundo ele, tirar a
pressão de seus atletas
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
A cena foi relatada por conselheiros santistas. Enquanto fazem uma de suas refeições na
concentração, os jogadores da
equipe do litoral assistem tranqüilamente a televisão. A prática, proibida na época de comando de Emerson Leão, foi liberada pelo técnico Cuca.
O lado amigo do treinador
nem sempre está presente. Em
tempos de crise, por sinal, têm
sido freqüentes os arroubos de
fúria do paranaense, que costuma chutar tudo o que vê pela
frente no vestiário quando as
coisas não dão certo.
As duas faces de Cuca, a de
"pai" e "padrasto", fazem parte
do repertório do técnico para
tentar livrar o Santos da zona
de rebaixamento do Brasileiro.
Ele até abandonou o hábito da
preleção antes dos jogos para
"tirar a pressão" de seus atletas.
Sem ela, o time enfrentará hoje,
às 21h50, o Internacional, em
Porto Alegre, após sua melhor
partida no torneio, a goleada
por 5 a 2 sobre o Vasco.
O resultado tirou a equipe da
Vila Belmiro da lanterna, mas
não da zona dos quatro piores
do campeonato -os santistas
estão em 18º lugar, com 14 pontos. O martírio do clube dura
desde a rodada inaugural do
torneio, mas quem tem canalizado as críticas é Cuca.
O treinador tem sofrido dura
resistência de dirigentes do
clube. Com fama de ter complexo de perseguição por onde
passa, desta vez, ele, de fato, está sendo fritado. Apesar disso,
encontrou, com seu jeitão peculiar, apoio no grupo.
Para isso, teve de ceder a alguns desejos de seus comandados. Além de liberar a televisão,
cartolas contam que o jogo de
sinuca se tornou um hábito nas
concentrações do time no CT,
prática estritamente proibida
nos tempos de Leão.
Em seus momentos mais difíceis, porém, Cuca chegou a tomar medidas que colocaram
em risco seu relacionamento
com o elenco. Após completar
cinco jogos sem vencer, ele antecipou a concentração, mesmo se dizendo contra "regimes
militares". Alegou que queria
impedir as baladas de seus boleiros. "Estamos cansados de
ver jogadores saírem na véspera do jogo e chegarem às quatro, cinco da manhã", disse.
"A comida aqui [no CT] é boa.
Tem pebolim, sinuca, carteado,
TV a cabo. Eles terão o teipe de
jogos do Atlético. É uma delícia.
Ninguém aqui é nazista. Eu
também gosto de ficar em casa", justificou à época.
Houve revolta no grupo e,
após reunião entre o treinador
e o goleiro Fábio Costa, o lateral Kléber e o atacante Kléber
Pereira, Cuca voltou atrás.
Não à toa, depois do episódio,
os jogadores passaram a dizer
que jogavam para tentar salvar
o chefe, com a cabeça a prêmio.
O mesmo elenco acusado de
ter sido o maior responsável
pela queda de Leão.
Os privilégios ao elenco, porém, não impedem que Cuca
seja acometido por momentos
de fúria. Como durante a derrota para o Palmeiras, em que deu
uma bronca em público no goleiro Felipe, que teve péssima
atuação e perdeu a vaga para
Douglas. No mesmo jogo, ele
substituiu o colombiano Molina, que vinha bem na partida, e
quase foi agredido pelo atleta,
que nem punido foi. Foi titular
domingo, e será nesta noite.
NA TV - Internacional x Santos
Globo (para Santos) e Band (para
SP), ao vivo, às 21h50
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