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Futebol privilegia as mulheres
Pela 1ª vez em Jogos Olímpicos, seleção feminina tem preparação mais adequada que a masculina
Equipe do treinador Jorge Barcellos reuniu-se antes do time comandado por Dunga e fez amistosos contra rivais mais fortes antes de Pequim
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A HANÓI
Em duas Olimpíadas, Atlanta-1996 e Sydney-2000, o Brasil disputou o torneio de futebol com homens e mulheres.
Em ambas as ocasiões, era o
time feminino que sofria com
preparação precária, enquanto
os homens esbanjavam luxo e
favoritismo. Tudo muito diferente do que ocorre na reta final da preparação para Pequim.
A seleção nacional das mulheres fez nove partidas nos últimos quatro meses. O time
olímpico masculino, só duas.
A seleção do técnico Jorge
Barcellos fez amistosos preparatórios contra rivais de elite,
como EUA, Austrália, Canadá e
clubes de primeira linha da Europa. A equipe de Dunga jogou
contra um combinado do Rio e
Cingapura, 127ª no ranking da
Fifa. Amanhã pega, em Hanói, o
Vietnã, 124º da mesma lista.
É verdade que Marta e Cristiane ainda não haviam se apresentado, mas o time das mulheres treinou por semanas em Teresópolis antes dos Jogos de
Pequim. Os homens só se reuniram na Ásia a duas semanas
da estréia na Olimpíada.
Entrosamento é o que sobra
para a seleção feminina. O time
que vai disputar a Olimpíada é
praticamente o mesmo que foi
vice-campeão mundial no ano
passado, também na China.
Dunga, por seu lado, chamou
atletas que nunca haviam atuado juntos, como os zagueiros
Alex Silva, do São Paulo, e Thiago Silva, do Fluminense.
"Mais treinos e jogos amistosos antes da Olimpíada serão
importantes", afirmou o atacante Alexandre Pato, que defende o italiano Milan.
Até na atual fase de seus
maiores astros, brasileiros e
brasileiras do futebol em Pequim são diferentes -e com
vantagem para as mulheres.
Marta segue em alta, sem problemas de lesão. Já Ronaldinho
foi convocado por Ricardo Teixeira, presidente da CBF, e está
há quase cinco meses sem jogar
uma partida oficial.
A equipe feminina também
recebeu mimos inéditos na sua
preparação. A equipe está na
Suécia treinando há quase dez
dias. Na China, ficará concentrada no mesmo hotel que vai
abrigar os homens.
O time masculino também
trocou a fartura da Olimpíada
de Sydney, na última vez que
foi aos Jogos, por uma comissão técnica enxuta, com só um
fisioterapeuta e só um médico.
Comparada com a comissão
técnica de Vanderlei Luxemburgo na Austrália, a chefiada
por Dunga em Pequim tem dez
integrantes a menos.
O que não muda é a pouca divulgação que a CBF dá às mulheres no seu site. Enquanto o
tour dos homens pela Ásia ganha manchete e vários artigos,
a estadia feminina na Suécia é
colocada em segundo plano.
As mulheres terão que mostrar trabalho mais cedo na
Olimpíada. O grupo delas na
primeira fase é o mais difícil da
competição, com Alemanha, a
atual campeã mundial, Coréia
do Norte, grande força nos torneio de base da Fifa, e Nigéria, o
melhor time da África.
Já os homens estão na chave
mais fácil do futebol, com Bélgica, Nova Zelândia e China.
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