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Máscaras antipoluição causam dilema no remo
COB fornecerá equipamento a esportistas brasileiros sensíveis ao ar de Pequim
Atletas até apreciam medida, mas Thiago Gomes, do skiff duplo peso leve, diz que é "frescura" e prefere não usar aparato em treinos ou prova
DOS ENVIADOS A PEQUIM
Camiseta, bermuda, remo e...
máscara de carvão ativado, proteção contra a poluição.
A última peça faz parte do
equipamento levado pelo Comitê Olímpico Brasileiro a Pequim, sede da Olimpíada. A entidade vinha evitando o polêmico tema da poluição chinesa.
Entre os integrantes da equipe do remo, primeira modalidade brasileira a adentrar na
Vila Olímpica, Thiago Gomes
(skiff duplo peso leve) sofre de
bronquite, e exames detectaram que Fabiana Beltrame
(skiff simples) apresenta sensibilidade a metais pesados.
""O COB irá disponibilizar
máscaras para todas as modalidades. No nosso caso, ainda vamos testar os efeitos da poluição sobre os atletas e se eles se
adaptam às máscaras em treinos e provas", diz Júlio Noronha, chefe da equipe de remo.
Todos os testes com a delegação foram realizados ainda no
Brasil pela rede Cenesp, vinculada à Secretaria Nacional de
Esporte de Alto Rendimento
do Ministério do Esporte.
Os remadores consideram a
iniciativa bem-vinda, mas preferem utilizá-la, se necessário,
apenas quando não estiverem
treinando ou competindo. A
idéia de carregar mais um apetrecho durante as competições
parece não animá-los.
"Acho uma frescura. Imagina
correr a prova de máscara?",
questiona Gomes, que aguarda
autorização do controle antidoping para usar um broncodilatador em Pequim.
"Por enquanto, não tive nada. Se acontecer algo, vou para
a piscina. Controlo a bronquite
com apnéia e controle emocional", conta ele, que ainda não
teve acesso à máscara, mas se
surpreende com a poluição, visível em Pequim.
"À noite, olhei para o céu e
não dá para ver nenhuma estrela. E esse céu cinzento durante
o dia assusta", conta o remador.
O COB, que, até o início do
ano minimizava os efeitos da
poluição local sobre os esportistas, agora adota discurso
mais cauteloso. ""As máscaras
de carvão ativado serão utilizadas, mas somente se houver necessidade clínica comprovada",
diz João Grangeiro Neto, chefe
médico da delegação nacional.
"O objetivo de trazer as máscaras foi tomar uma atitude
pró-ativa para melhor atender
os atletas brasileiros, mas isso
não significa que elas serão utilizadas", acrescentou ele.
Apesar de, em março, o COB
ter dito que a poluição de Pequim não exigia cuidados especiais, foi enviada aos chefes de
equipe uma lista de medidas
para os atletas evitarem os efeitos da poluição, que vão desde o
consumo de ômega 3, passando
pelo treinamento muscular
inspiratório, até a exposição à
altitude -real ou simulada.
""O comitê organizador dos
Jogos tomou providências que
claramente melhoraram a qualidade do ar da cidade nos últimos meses. Por meio dos exames já citados, notamos a necessidade de tomar tais providências", comentou o médico
do COB.0
(ADALBERTO LEISTER FILHO E EDUARDO OHATA)
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