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"Great Firewall" causa pane em computadores
Filtros não tinham sido percebidos pelos jornalistas
DOS ENVIADOS A PEQUIM
Nos primeiros dias de trabalho no centro de imprensa dos
Jogos de Pequim, não houve a
percepção de que a grande
quantidade de páginas que não
podiam ser exibidas e os freqüentes colapsos dos computadores dos jornalistas eram decorrência da censura chinesa e
seu "Great Firewall" -um trocadilho com a Grande Muralha
("Great Wall") e a palavra inglesa que designa o dispositivo
que controla o acesso à rede.
Depois, percebeu-se que a
combinação das palavras
""Anistia Internacional", ""Tibete Livre" e ""Falun Gong" em sites de busca simplesmente travava os computadores.
Não somente era impossível
acessar informações ou imagens relacionadas ao Tibete
-prontamente aparecia a
mensagem de que essas páginas não podiam ser exibidas-,
como os laptops daqueles que
executavam a pesquisa travavam de forma imediata. O simples recebimento de um e-mail
com essas palavras proibidas
pelo governo chinês já era suficiente para travar programas
de correio eletrônico.
Daí a conclusão de que a censura havia entrado em vigor
com força total após a admissão
do Bocog (comitê organizador)
de que o acesso à internet não
será livre a jornalistas, diferentemente do propagado.
Segundo o Comitê Olímpico
Brasileiro, não houve anúncio
oficial algum sobre o assunto.
Outros sites com conteúdo
sob risco de censura, como os
pornográficos, por exemplo,
podiam ser acessados livremente no centro de imprensa.
O bloqueio à internet virou o
assunto do dia no centro de imprensa. Repórteres se entrevistavam uns aos outros para trocar impressões sobre as dificuldades de trabalho no local.
Como, por exemplo, a velocidade do acesso à internet, bastante lento para os padrões de
uma cobertura da dimensão
dos Jogos Olímpicos.
No caso da Folha, o simples
recebimento de um e-mail com
a palavra "censura" mostrou
como funciona o eficiente sistema de filtros criado pelas autoridades chinesas. O programa de correio eletrônico, convencional, deixou de funcionar
imediatamente.
Outro e-mail, que uma ONG
havia enviado se manifestando
contra o bloqueio de sites em
Pequim, aparecia com caracteres truncados, impossíveis de
serem decifrados. Até o final do
dia, tais problemas permaneciam sem solução.
Repórteres buscavam alternativas para tentar furar o bloqueio. Muitos passaram a usar
e-mails pessoais para se comunicar com seus países.
E, estranhamente, quem havia viajado a Pequim para enviar informações a seus jornais
passou a ser municiado do exterior sobre o que estava acontecendo na sede dos Jogos.
Para satisfazer a pressão ocidental, a China havia divulgado
em 2007 um manual intitulado
"Regulamento para Atividades
de Reportagem na China".
Nele, garantia que haveria liberdade para a atuação da imprensa, apesar de estipular um
período para tal benesse, que
expirava no dia 18 de outubro,
após o final da Paraolimpíada.
"Deixamos muito claro que,
durante o período dos Jogos,
facilitaremos entrevistas e reportagens. Todo o material sobre a Olimpíada não será afetado", comentou Sun Weide, porta-voz do Bocog, negando que
os problemas na internet possam afetar o desempenho profissional dos jornalistas credenciados.(ALF E EO)
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