São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

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É duro ser apenas "o filho do..."

"Do dia em que nasci até hoje, a pergunta que mais ouvi foi "Então, você não vai fazer arquitetura?" Meu avô, pai, mãe, tio, primo, são todos arquitetos na família e nosso sobrenome é conhecido nesse meio.
"É natural a curiosidade, mas aos 15 anos comecei a ter certa repulsa pela situação. Não é nem receio de não atender às expectativas, mas a simples existência dessa expectativa em si me dá a sensação de não ser dono da minha vida.
"Por mais que eu nunca tenha escolhido arquitetura, sempre estive ligado à profissão. Desde os dez anos já era presença garantida nas festas do escritório do meu avô - onde sempre ouvia "Quando é que você vem trabalhar aqui..?".
"Não consigo me imaginar de jeito nenhum acompanhando uma obra por três anos - é tempo demais! Sempre desenhei muito, ouço dizerem que sou criativo e na escola meus trabalhos eram os mais bonitos. Por isso escolhi fazer design ou cinema. Gosto de produzir vídeos e já veiculei dois trabalhos na MTV, um inclusive ficou entre os Top 10 da emissora.
"Estou trabalhando numa produtora onde ninguém sabe quem é meu pai ou meu avô. Fui selecionado num processo normal e tenho orgulho disso.
"Tudo bem, filho de peixe, peixinho é, mas um pode ser atum, o outro salmão. Acho que ninguém quer ser conhecido como "o filho do Marcelo" ou "o neto do Roberto". Se isso acontecer um dia comigo é porque não atingi meu objetivo."


RAFAEL AFLALO, 22


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