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É duro ser apenas "o filho do..."
"Do dia em que nasci até hoje, a pergunta que mais ouvi foi
"Então, você não vai fazer arquitetura?" Meu avô, pai, mãe,
tio, primo, são todos arquitetos
na família e nosso sobrenome é
conhecido nesse meio.
"É natural a curiosidade, mas
aos 15 anos comecei a ter certa
repulsa pela situação. Não é
nem receio de não atender às
expectativas, mas a simples
existência dessa expectativa
em si me dá a sensação de não
ser dono da minha vida.
"Por mais que eu nunca tenha escolhido arquitetura,
sempre estive ligado à profissão. Desde os dez anos já era
presença garantida nas festas
do escritório do meu avô - onde sempre ouvia "Quando é que
você vem trabalhar aqui..?".
"Não consigo me imaginar de
jeito nenhum acompanhando
uma obra por três anos - é
tempo demais! Sempre desenhei muito, ouço dizerem que
sou criativo e na escola meus
trabalhos eram os mais bonitos. Por isso escolhi fazer design ou cinema. Gosto de produzir vídeos e já veiculei dois
trabalhos na MTV, um inclusive ficou entre os Top 10 da
emissora.
"Estou trabalhando numa
produtora onde ninguém sabe
quem é meu pai ou meu avô.
Fui selecionado num processo
normal e tenho orgulho disso.
"Tudo bem, filho de peixe,
peixinho é, mas um pode ser
atum, o outro salmão. Acho que
ninguém quer ser conhecido
como "o filho do Marcelo" ou "o
neto do Roberto". Se isso acontecer um dia comigo é porque
não atingi meu objetivo."
RAFAEL AFLALO, 22
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