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educação
Estudo demais
A busca por um ensino mais puxado leva estudantes a migrarem para escolas notoriamente difíceis; veja
o que mudou na vida deles
Patricia Stavis/Folha Imagem
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Carol, 14, tem pelo menos três lições de casa por dia
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Preocupados com o
futuro profissional e
em entrar em uma
boa faculdade, muitos jovens deixam escolas consideradas mais fáceis
e menos exigentes em busca de
outras mais rigorosas.
Mas a transição nem sempre
é fácil. Para se adaptar à nova
rotina de estudos, com novos
professores, médias mais altas,
mais lição de casa e provas mais
difíceis, muitos alunos enfrentam dificuldades, vêem seu
rendimento escolar despencar
e correm até o risco até de perder o ano.
É isso que está preocupando
Ana Carolina de Cillos, 15. Ela
mudou para uma escola mais
rígida neste ano e, por conta
das notas baixas no primeiro
semestre, vai pegar recuperação em matemática, português,
história, geografia e ciências.
Para dar conta dos estudos,
ela largou o treino de vôlei e começou a fazer aulas particulares das disciplinas em que está
com dificuldades.
"Eu queria ser jogadora profissional, mas é difícil ser atleta.
Penso no meu futuro, por isso
quero fazer um bom colegial e
uma boa faculdade ", explica.
Kauane Ribas Vasconcelos,
13, também mudou para uma
escola mais "puxada". "Na escola anterior eu tinha duas lições de casa por dia, agora são
quatro. Além disso, se eu chegar atrasada, perco ponto, se fizer bagunça, também", lamenta a estudante.
O resultado: as notas de português e de matemática caíram
de seis e meio e sete, no ano
passado, para dois e dois e
meio, neste ano. "Estou estudando mais, e minhas notas estão piores", conta a garota, que
substituiu as tardes em frente à
televisão e ao computador por
aulas particulares.
Já Sofia Casella, 16, deixou
uma escola convencional para
fazer o ensino médio em uma
escola técnica. Entre as dificuldades, ela relata três novas disciplinas técnicas e salas de aulas com mais alunos.
"É mais difícil prestar atenção na aula, porque tem mais
distração e mais gente disputando a atenção dos professores. Às vezes, chega a ter fila para tirar dúvida", diz.
Do total de 15 matérias ela está abaixo da média em sete, incluindo disciplinas em que
sempre foi bem, como história.
Carol Sayeg, 14, está na oitava
série e se mudou neste ano para
uma instituição bastante conhecida por seu ensino rígido e
exigente.
"Quero fazer uma boa faculdade, reconhecida no Brasil e
no mundo, e ser bem-sucedida
em minha profissão", esclarece. "Minha escola atual tem em
seu histórico muitos alunos
que passaram com boas posições no vestibular."
Enquanto o futuro não chega, ela se esforça para dar conta
do presente. "Minha rotina ficou mais corrida, agora somos
bem mais cobrados", afirma.
Carol tem pelo menos três lições de casa por dia, e faz todas
elas para não ficar para trás. "A
lição acaba sendo boa porque
obriga a estudar", explica.
Para Tatiane, 14, a transição
de um colégio para o outro foi
radical. "Na minha escola antiga não tinha nem prova. Eles só
olhavam se a lição de casa estava feita e se não fazíamos farra
na classe", relata. "Agora as minhas provas têm umas 13 páginas! Para cada matéria!"
A garota mudou-se na quinta
série, seguindo os passos das
primas mais velhas. "No começo fiquei com medo, mas as minhas primas já sabiam como
era o esquema e me ajudaram".
Hoje, ela vê algumas vantagens na escola atual.
"É superliberal, lá os alunos
podem comer onde quiserem",
avalia. "A outra era mais rigorosa: só podíamos comer em um
dos pátios", diz Carol.
Felipe Alves Guia, 14, foi para
uma escola mais exigente porque tanto ele quanto seus pais
consideravam o ensino do colégio anterior muito fraco. "Eles
ficavam bravos porque eu nunca tinha lição de casa e viam
que eu não precisava me esforçar para passar."
Para Felipe, a mudança de
escola se refletiu diretamente
em suas notas. Acostumado a
tirar sempre médias próximas
de nove, o garoto, que se mudou neste ano, passou a tirar
por volta de seis e até pegou recuperação em uma matéria.
"Eu nunca tinha ficado na vida", conta o estudante, que está
na oitava série.
Para adaptar-se às dificuldades da nova instituição, Felipe
teve que sair da academia de ginástica, que freqüentava diariamente, e se dedicar exclusivamente aos estudos.
"Antes, eu só abria o caderno
em véspera de prova", diz.
"Agora, estudo todos os dias e
não tenho mais tempo para outras atividades".
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