São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2012

CAFUNÉ

Princesa do Ébano

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

A princesa do Ébano passeia lânguida pelas margens de um grande rio africano. Engana-se quem imagina que ela é preta como a madeira que lhe dá o nome. Nananinanão, ela é branca branca, está mais para princesa do Marfim.
Ela é filha da Flávia, a rainha do Ébano, e do Nino, o rei do Ébano. Eles moram num castelo lá em cima do morro, no bairro da Pompeia. É lá que a princesa se desenha (às vezes preta, às vezes branca, varia sempre), brinca de comidinha, assiste ao desenho da Angelina Bailarina na TV e vive louca para encontrar sereias.
O vestido da princesa do Ébano é um vestido especial, lilás, com uma linda estampa de flores gordas. A rainha já tentou fazê-la usar um vestido africano legítimo, bem mais adequado a uma princesa dessa estirpe, mas não rolou. "Mãe, esse vestido é bonito, mas não é o da princesa do Ébano!" Talvez esse vestido tenha poderes mágicos de transportar uma menina de um quintal de São Paulo para as savanas africanas, talvez ele transforme a casa comum num palácio majestoso cheio de pedras e brilhantes. Vai saber o que se passa na cabeça dessa princesa...
Ainda não descobrimos se o Ébano da princesa é uma coisa ou um lugar. Mas outro dia ela anunciou: "agora estou indo ali cuidar do Ébano".
Vai saber... Eu tenho cá comigo que não importa muito, o que realmente importa é o vestido, a coroa e o cetro de majestade.

Texto Anterior | Índice


Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.