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DEU NA MÍDIA
Ingrid Betancourt - símbolo contra a corrupção
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Seis dias atrás eu estava acorrentada a uma árvore. E agora
estou livre. Estou tentando
entender como vou viver daqui por diante". ("The New
York Times" - 11.jul.2008)
Depois de seis anos e quatro meses como refém das
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), a
ex-senadora e ex-candidata à
presidência Ingrid Betancourt foi finalmente libertada. Resgatada pelo Exército
da Colômbia numa operação
que contou com a participação do serviço de inteligência
dos EUA, Ingrid mobilizou a
atenção mundial enquanto
sofria em cativeiro na selva
colombiana.
De família tradicional, filha de Gabriel Betancourt,
ex-ministro da Educação e
embaixador da Colômbia na
França, Ingrid estudou ciências políticas no Instituto de
Estudos Políticos de Paris e
retornou ao seu país em
1989, decidida a fazer política. Empunhando uma camisinha, candidatou-se, em
1994, ao cargo de deputada,
defendendo a tese de que é
preciso prevenir-se contra a
corrupção. Dizia: "O meu nome é Ingrid Betancourt e sou
candidata ao Parlamento.
Acredito que a corrupção é o
equivalente político da
AIDS. Ofereço-lhe um preservativo para que pense em
mim no dia das eleições". Polêmica, a campanha chocou
muitos, mas consagrou Ingrid como a deputada mais
votada do país.
Dona de um discurso cortante, Ingrid afirmou diante
do Congresso colombiano
que o país estava sob o comando de "um delinqüente"
em referência ao então presidente Ernesto Samper
(1994-1998), que foi acusado
de ter sua campanha financiada pelo narcotráfico.
Sofreu em 1996 um atentado atribuído a narcotraficantes. Seu carro foi alvejado por
uma rajada de metralhadora,
mas ela não se intimidou.
Em 1998, com o lema "A corrupção é a Aids da nossa sociedade, protejam-se", candidatou-se ao Senado, obtendo uma votação expressiva.
Em 2001, Ingrid decidiu
candidatar-se à Presidência
da República. Fundou um
novo partido -o Oxigênio
Verde, de cunho ecológico-
e acrescentou às antigas bandeiras a questão ambiental.
Enquanto trabalhava na
campanha, polêmica mais
uma vez, pois escolheu como
símbolo o Viagra, um "remédio para levantar a luta contra a corrupção", foi seqüestrada. Na ocasião, em fevereiro de 2002, essa estratégia
de marketing não lhe dava
nem 1% das intenções de voto. Mas, agora, conhecida
mundialmente pelo martírio
imposto pela guerrilha, seu
nome surge forte na corrida
pela sucessão do presidente
Álvaro Uribe.
ROBERTO CANDELORI é professor do
colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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