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Porto Alegre em Cena chega aos 15 anos com 5 estréias e Brook
Oficina celebra 50 anos com "Os Bandidos'; diretor inglês comanda monólogo
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Zé Celso Martinez aportará
na capital gaúcha com uma
"tragykomédiorgya", enquanto
Antonio Abujamra colará personagens beckettianos crepusculares em "Começar a Terminar". Celso Frateschi, de seu lado, reinventará o "Tio Vânia"
de Tchecov.
Gêneros e grifes à parte, o
ponto alto da 15ª edição do Porto Alegre em Cena, que começa
hoje, é a profusão de espetáculos nacionais inéditos. São cinco -aos supracitados juntam-se "A Lenda de Sepé Tiaraju",
do coletivo paulista Teatro Popular União e Olho Vivo, e "O
Amargo Santo da Purificação",
da gaúcha Tribo de Atuadores
Ói Nóis Aqui Traveiz, reconhecida há pouco com o Shell-SP
pela pesquisa e criação de "Aos
que Virão Depois de Nós: Kassandra in Process".
Segundo o coordenador do
festival, Luciano Alabarse, o
acúmulo de estréias "não foi algo deliberadamente buscado"
na elaboração da programação
deste ano. O Oficina de Zé Celso, por exemplo, originalmente
apresentaria no Sul "Vento
Forte para um Papagaio Subir",
já vista em São Paulo.
"Estréia é sempre uma incógnita, um filho nascendo. Mas,
se calhou, como vou perder a
oportunidade? Isso gera uma
curiosidade nacional", diz.
O encenador inglês Peter
Brook, que teve seu début brasileiro no Porto Alegre em Cena de 2000 (com "Le Costume"), brinda aos 15 anos do festival com "The Grand Inquisitor" (o grande inquisidor), monólogo baseado em parábola
extraída de "Os Irmãos Karamázov", de Dostoiévski.
No texto, Jesus ressurge em
Sevilha, na época da Inquisição,
é perseguido, preso e admoestado pelo personagem-título,
vivido por Bruce Myers.
"Eu gosto de juntar monstros
sagrados com grupos que estejam surgindo com força, como
o [paulista] Triptal [que apresenta dois títulos da tetralogia
"Homens ao Mar']", diz Luciano Alabarse.
Mineiro e latinos
Na curva ascendente também está o mineiro Espanca!,
que participa pela primeira vez
do festival com seus dois trabalhos inaugurais, "Por Elise" e
"Amores Surdos".
O Mercosul desembarca em
peso no aniversário: são seis
produções uruguaias e cinco
argentinas -quatro delas com
ingressos esgotados, segundo o
site do Porto Alegre em Cena.
No pacote, há desde "A Vida É
Sonho", de Calderón de la Barca, até "Las Relaciones de Clara" (as relações de Clara), da
alemã Dea Loher, conhecida no
circuito paulistano pela dramaturgia de "A Vida na Praça Roosevelt" e "Inocência", montadas pelo Satyros.
Para marcar a efeméride, a
organização do festival se permitiu até ir além dos protocolares 15 dias de programação.
Desta vez, serão 20. Alabarse
não teme o gigantismo:
"Em dois dias, vendemos 23
mil ingressos. Algumas solicitações que recebia eram justamente no sentido de não concentrar tudo em dois ou três
dias, espaçar um pouco mais as
grandes atrações. Assim, atende-se à demanda de quem não
quer fazer olimpíada de um
teatro para outro".
Contente com sua escalação
de figurões, Alabarse já tem um
convidado na mira para os 16
anos: o diretor francês Patrice
Chéreau ("A Rainha Margot"),
que atualmente encena em Paris "The Grand Inquisitor".
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