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Exposição na Tate Britain, em Londres, reúne finalistas do Prêmio Turner cujas obras abordam sempre temas polêmicos
Galeria de horrores
TOM LUBBOCK
DO "THE INDEPENDENT"
A imprensa continua aferrada à
idéia fictícia de que o Prêmio Turner é polêmico. É claro que sempre foi este o acordo: vocês nos
dão publicidade, nós lhes devolvemos polêmica. E, a cada ano,
custe o que custar, alguma polêmica é identificada.
Mas a exposição das obras que
concorrem ao Turner 2003 -a
ser anunciado dia 7/12-, na Tate
Britain, em Londres, é desanimadora. Três dos quatro candidatos
finalistas são artistas de talento limitado. O quarto -os irmãos Jake e Dinos Chapman- apresenta
um trabalho que está muito abaixo do que se poderia esperar.
O que chama a atenção nas
obras dos Chapman, frequentemente tão criativas em suas blasfêmias e grosserias chulas, é a ausência de comicidade. O impulso
cômico é evidente, mas o riso não
chega a acontecer.
É o que ocorre em "Death"
(Morte), uma escultura na qual
dois bonecos sexuais infláveis
transam sobre um colchão de
água esculpido em bronze. Ou em
"Insult to Injury" (insulto para
machucar), um conjunto completo das gravuras de Goya da série
"Desastre da Guerra", que os irmãos desfiguraram com o acréscimo de cabeças de palhaço e coelho que parecem ter sido tiradas
de histórias em quadrinhos.
Outra das artistas finalistas é
Anya Gallaccio, que se mantém
fiel a seus temas de preservação
versus perecimento. As obras tendem a utilizar materiais orgânicos. Assim, em "preserve
"beauty'" (preserve "beleza'), tem-se duas peças de muro grandes e
oblongas nas quais centenas de
flores vermelhas estão pressionadas entre lâminas de vidro.
Se, no momento, as flores são
vermelhas vivas, logo vão murchar e perder cor. Em outras palavras, vão passar de um estado de
beleza (frescor) para outro (decadência). É simples -e não muito
mais que isso.
Willie Doherty é um artista da
Irlanda do Norte cujo trabalho geralmente se baseia na situação política de sua terra natal. As pessoas
gostam de seu trabalho porque é
sobre algo definido, não sobre temas abstratos. Suas peças, construídas com vídeo e fotografia, remetem a motivos ligados à repetição, frustração, impossibilidade.
Pode-se pensar que sua análise
política seja pessimista. Mas é
igualmente possível que isso se
deva à forma artística que utiliza.
Ele tem uma única peça exposta
na Tate, uma projeção em duas
telas chamada "Re-run" (Re-corrida). Em uma das telas, um homem atravessa correndo uma
ponte, avançando em direção à
câmera. Ele não pára de correr,
mas nunca avança de fato. A outra tela, de frente para a primeira,
mostra a sequência filmada pelas
costas do homem, que se afasta.
E Grayson Perry trabalha com
cerâmica -produz grandes vasos de cerâmica, coloridos e decorados. De perto, percebe-se que as
imagens e palavras frequentemente são obscenas ou violentas e
que às vezes dizem respeito a temas como o abuso de crianças.
Tradução Clara Allain
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