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MIS percorre América Latina em videoarte
A partir de hoje, museu de SP exibe vertente política, nonsense e pop de 16 países
Ciclo exibe 41 vídeos de artistas latino-americanos, entre eles o uruguaio Martín Sastre e a boliviana Narda Alvarado, que já estiveram na Bienal de SP
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
A capital uruguaia vira o centro de um mundo deserto num
filme de 14 minutos, em que
uma adolescente superdotada
-e vestida da cabeça aos pés
com uma armadura prateada-
vem da Europa para desvendar
o mistério por trás da decadência latino-americana.
O thriller "Montevideo - The
Dark Side of the Pop", de Martín Sastre, é uma superprodução terceiro-mundista, obra
central do ciclo "Videografías
Invisibles", que o Museu da
Imagem e do Som de SP abre
hoje. A idéia é exibir a produção
pouco conhecida de videoarte
em países latino-americanos,
com 41 trabalhos de 16 países.
Sastre, que já levou uma sósia
de Lady Di a Montevidéu e parodiou Matthew Barney na Bienal de São Paulo de 2004, é um
dos nomes mais originais da
produção artística no continente. Seu filme na mostra explora os clichês dos blockbusters hollywoodianos e ainda se
apropria da letra de "Vogue"
numa crítica ao mundo da arte.
"É um trabalho muito bem-acabado, mas não deixa de lado
esse aspecto terceiro-mundista", diz à Folha o curador da
mostra, José Carlos Mariátegui. "É um exemplo claro do
que está acontecendo agora."
Menos superproduzidos são
os trabalhos da boliviana Narda Alvarado, outro nome forte
da mostra, que esteve na última Bienal de SP. Em "Fire-Men", que guarda forte relação
com o que se chamou estética
da gambiarra no Brasil, Alvarado risca fósforos no peito de
homens sem camisa, chegando
a queimar alguns pêlos.
Em "Olive Green", militares
de uniforme verde-oliva param
o trânsito de uma avenida de
La Paz para saborear, diante de
motoristas enfurecidos, azeitonas com a mesma cor dos trajes
do Exército.
A história militar do continente, aliás, é ponto que norteia alguns bons exemplares da
videoarte mais engajada presente na mostra, que consegue
ir além da afetação panfletária.
O nicaragüense Ernesto Salmerón, que dará uma palestra
no MIS no dia 20, garimpou
imagens da TV de seu país para
lembrar em três documentários essa história conturbada.
VIDEOGRAFÍAS INVISIBLES
Quando: qua. a dom., às 15h, 16h20,
17h40, 19h e 20h20; até 5/10
Onde: auditório do MIS-SP (av. Europa, 158, tel. 0/ xx/11/2117-4777)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Quanto: entrada franca
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