São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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FILMES

TV PAGA

Antitelevisivo, Tom Zé gira contínuo na televisão

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A exibição contínua do show "Jogos de Armar", de Tom Zé, até a próxima quinta, no Canal 605 da DirecTV, dá chance de reflexão sobre algumas das transformações por que passam as relações entre música e TV.
"Jogos de Armar" (2000), já lançado em DVD, era um show do artista tropicalista que explorava rebeldias como expor a construção do próprio espetáculo, desmontar a relação de idolatria entre público e artista, falar palavrões (Tom Zé acreditou ter sido censurado por isso, à época).
Enfim, brincava de ser anticomercial -e, portanto, antitelevisivo. E, ironia, lá está ele exibido em tempo quase integral, ainda que num longínquo canal de número 605. Por trás disso, se vê tanto a marginalização a que a MPB foi confinada pela TV quanto um momento em que esses laços dão lentos sinais de serem reatados.
Pois o auge do casamento TV-música popular (de que Tom Zé participou), nos anos 60, foi a era dos festivais da Record -em que a MPB reinava na TV, sem rivais.
Então vieram os 70 e a hegemonia da Globo. Música virou paisagem de fundo para poses de galãs e mocinhas nas novelas -o rosto dos músicos perdeu espaço, foi morar no populismo dos programas de auditório, virou moeda furada na tesouraria da audiência.
Pois a maré começa a mudar a partir do advento do DVD, no final dos 90. Ganhando popularidade, os shows voltam a ocupar espaço (ainda que, até aqui, quase só nas TVs fechadas). E lá surge o veterano Tom Zé na boca de cena, fazendo na TV tudo que se convencionou que não presta para a TV -música densa, experimentação, crítica social, anti-ilusionismo... Esse balé irônico de desacertos promete emoções imprevisíveis nos próximos capítulos.


JOGOS DE ARMAR - Show de Tom Zé, no Canal 605, até dia 7, às 12h, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h e 0h.

TV ABERTA

"Hatari!" é um dos grandes da história do cinema

Com 007 Só se Vive Duas Vezes
SBT, 12h25.
(You Only Live Twice). Inglaterra, 1967, 125 min. Direção: Lewis Gilbert. Com Sean Connery, Tetsuro Tamba, Akiko Wakabayashi, Donald Pleasence. A Spectre do supercriminoso Pleasence é responsável pelo desaparecimento de foguetes das duas superpotências, EUA e URSS (era assim, na época). Para evitar que elas entrem em guerra, 007 tem de entrar em ação.

Kazaam
Record, 16h.
(Kazaam). EUA, 1996, 92 min. Direção: Paul Michael Glaser. Com Shaquille O'Neal, Francis Capra. Shaquille faz uma espécie de gênio da lâmpada. Shaquille é bom para jogar basquete. Aqui, só bola fora.

Os Caça-Fantasmas
Record, 20h30.
(The Ghostbusters). EUA, 1984, 99 min. Direção: Ivan Reitman. Com Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis, Sigourney Weaver. Comédia de grande sucesso a seu tempo, sobre quatro cientistas que abrem uma agência cujo objetivo é caçar fantasmas.

O Imbatível
SBT, 22h35.
(Undisputed). EUA, 2001, 94 min. Direção: Walter Hill. Com Wesley Snipes, Ving Rhames, Peter Falk. Campeão de boxe da cadeia (outrora um boxeador de futuro) topa campeão de verdade, que foi condenado por estupro. Mais cedo ou mais tarde a disputa terá que se dar entre os dois homens, para saber quem é o campeão mesmo. E há quem bote lenha na fogueira.

Hatari!
Bandeirantes, 1h30.
(Hatari!). EUA, 1962, 159 min. Direção: Howard Hawks. Com John Wayne, Elsa Martinelli, Red Buttons. Wayne lidera um grupo de caçadores na África. Dito assim, não quer dizer nada. Cena por cena, puro gênio. Um dos grandes filmes do cinema em todos os tempos.

Charlotte Gray - Paixão sem Fronteiras
Globo, 1h40.
(Charlotte Gray). Inglaterra/EUA, 2001, 121 min. Direção: Gillian Armstrong. Com Cate Blanchett, Billy Crudup. Charlotte é a moça inglesa que, durante a Segunda Guerra, decide ir à França a fim de reencontrar o namorado, aviador. Para tanto, ela aproveita do fato de que fala francês à perfeição e se alista no serviço secreto. Inédito.

Canção da Liberdade
SBT, 2h05.
(Freedom Song). EUA, 2000, 150 min. Direção: Phil Alden Robinson. Com Danny Glover, Vicellous R. Shannon, Loreta Devine. A luta pelos direitos civis dos negros, no início dos anos 60, tendo o pacifismo por estratégia. No centro, um jovem revoltado com a cabeça baixa manifestada pelo pai diante dos brancos. O assunto é relevante. Feito para TV

No Silêncio da Noite
Globo, 3h40.
(In a Lonely Place). EUA, 1949, 94 min. Direção: Nicholas Ray. Com Humphrey Bogart, Gloria Grahame, Frank Lovejoy. Roteirista de cinema (Bogart) famoso por seus acessos de violência leva para seu apartamento moça que deve ser objeto de seu próximo trabalho. A moça aparece morta. Ele é suspeito. Gloria Grahame, uma vizinha, testemunha a seu favor. Mas a dificuldade de viver do roteirista continuará intocada. Ela, assim como Hollywood, são os objetos centrais deste filme brilhante. P&B.

Por que Tem que Ser Assim?
SBT, 4h10.
(The Heart Is a Lonely Hunter). EUA, 1968, 123 min. Direção: Robert Ellis Miller. Com Alan Arkin, Sondra Locke, Stacy Keach. Embora surdo-mudo, John Singer (Arkin) saberá se comunicar com o mundo, em especial com um jovem adolescente. Drama muito forte de Miller. Só para São Paulo. (IA)

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