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TV PAGA
De olho nos filmes do vizinho, Canal Brasil abre espaço para a produção sul-americana na faixa "Cone Sul"
Cinema argentino colore o reduto verde-amarelo
DA REPORTAGEM LOCAL
Reduto da produção nacional
na TV por assinatura, o Canal Brasil tem a faixa nobre de hoje reservada ao cinema que fala espanhol
-com sotaque argentino.
"Um Amor de Borges" (2000),
do portenho Javier Torre, é a atração das 21h que abre a faixa de
programação "Cone Sul". Nesta
seção, um filme sul-americano será exibido todas as quintas (às
23h30) e reprisado aos domingos.
"Adotamos o conceito de mostra, com só duas apresentações,
porque não queremos ser tentados à repetição, já que há muita
coisa boa a mostrar", diz Paulo
Mendonça, diretor do canal.
Na fila das próximas sessões estão 23 títulos argentinos já adquiridos pelo Canal Brasil, com a cooperação do órgão governamental
argentino Incaa (Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais). São produções de diferentes épocas e gêneros.
O próximo cartaz é "A Patagônia
Rebelde", lançado em 1974 por
Héctor Olivera e considerado o
primeiro filme argentino a tratar
da revolta dos trabalhadores rurais nos anos de 1920 e 1921.
Já "Um Amor de Borges" aborda
a relação do mais importante escritor argentino, Jorge Luis Borges
(1899-1986) com a também escritora Estela Canto ("Borges a Contraluz"). O papel de Canto ficou
com a belíssima atriz e modelo espanhola Inés Sastre. Na pele de
Borges está Jean-Pierre Noher,
ator que começa a se tornar íntimo
do público brasileiro.
Noher está atualmente em cartaz nos cinemas daqui em dois diferentes filmes. Ele é o pai do jovem Ernesto Guevara em "Diários
de Motocicleta", de Walter Salles,
e vive o político "americano do Paraguai" Gutierrez em "Redentor",
de Cláudio Torres.
Mendonça diz que a realização
do "Cone Sul" parte da avaliação
de que "a integração cultural deve
preceder qualquer outra integração". É uma referência às negociações econômicas em curso no âmbito do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
Mas as autoridades do setor audiovisual nos países do bloco também se movimentam, na tentativa
de tornar mais efetiva a circulação
de filmes pelo território.
Em agenda da Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul há duas semanas, em Brasília,
o Brasil se comprometeu a estudar a inclusão em sua cota de tela
(número de dias de exibição obrigatória de filmes brasileiros nos
cinemas, fixado pelo governo) de
um espaço que contemple também a produção dos países vizinhos, exceto Argentina, com
quem já possui acordo de incentivo mútuo à distribuição de filmes.
"Isso tem a ver com a necessária
diversidade cultural", diz Orlando Senna, presidente da Recam e
secretário do Audiovisual do Brasil.
(SILVANA ARANTES)
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