São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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TV PAGA

De olho nos filmes do vizinho, Canal Brasil abre espaço para a produção sul-americana na faixa "Cone Sul"

Cinema argentino colore o reduto verde-amarelo

DA REPORTAGEM LOCAL

Reduto da produção nacional na TV por assinatura, o Canal Brasil tem a faixa nobre de hoje reservada ao cinema que fala espanhol -com sotaque argentino.
"Um Amor de Borges" (2000), do portenho Javier Torre, é a atração das 21h que abre a faixa de programação "Cone Sul". Nesta seção, um filme sul-americano será exibido todas as quintas (às 23h30) e reprisado aos domingos.
"Adotamos o conceito de mostra, com só duas apresentações, porque não queremos ser tentados à repetição, já que há muita coisa boa a mostrar", diz Paulo Mendonça, diretor do canal.
Na fila das próximas sessões estão 23 títulos argentinos já adquiridos pelo Canal Brasil, com a cooperação do órgão governamental argentino Incaa (Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais). São produções de diferentes épocas e gêneros.
O próximo cartaz é "A Patagônia Rebelde", lançado em 1974 por Héctor Olivera e considerado o primeiro filme argentino a tratar da revolta dos trabalhadores rurais nos anos de 1920 e 1921.
Já "Um Amor de Borges" aborda a relação do mais importante escritor argentino, Jorge Luis Borges (1899-1986) com a também escritora Estela Canto ("Borges a Contraluz"). O papel de Canto ficou com a belíssima atriz e modelo espanhola Inés Sastre. Na pele de Borges está Jean-Pierre Noher, ator que começa a se tornar íntimo do público brasileiro.
Noher está atualmente em cartaz nos cinemas daqui em dois diferentes filmes. Ele é o pai do jovem Ernesto Guevara em "Diários de Motocicleta", de Walter Salles, e vive o político "americano do Paraguai" Gutierrez em "Redentor", de Cláudio Torres.
Mendonça diz que a realização do "Cone Sul" parte da avaliação de que "a integração cultural deve preceder qualquer outra integração". É uma referência às negociações econômicas em curso no âmbito do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
Mas as autoridades do setor audiovisual nos países do bloco também se movimentam, na tentativa de tornar mais efetiva a circulação de filmes pelo território.
Em agenda da Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul há duas semanas, em Brasília, o Brasil se comprometeu a estudar a inclusão em sua cota de tela (número de dias de exibição obrigatória de filmes brasileiros nos cinemas, fixado pelo governo) de um espaço que contemple também a produção dos países vizinhos, exceto Argentina, com quem já possui acordo de incentivo mútuo à distribuição de filmes.
"Isso tem a ver com a necessária diversidade cultural", diz Orlando Senna, presidente da Recam e secretário do Audiovisual do Brasil. (SILVANA ARANTES)


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