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TELEVISÃO
"UM SÓ CORAÇÃO"
Trama mescla ficção e realidade dos anos de 20 a 50 para celebrar aniversário de 450 anos da cidade
Minissérie desvenda passado de São Paulo
RODRIGO RAINHO SILVA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Parte da história do povoado de
São Paulo de Piratininga, fundado
pelos padres da Companhia de Jesus em 25 de janeiro de 1554 e que
se transformou na maior metrópole industrial brasileira nos séculos seguintes, será narrada pela
Globo a partir desta terça, às
21h55, com a estréia da minissérie
"Um Só Coração". A autora, Maria Adelaide Amaral, diz que "não
é uma saga sobre os imigrantes,
mas uma história sobre a relação
deles com as personalidades que
fizeram a cultura a partir de 1922".
Dirigida por Carlos Araújo, a
trama mistura personagens reais
e fictícios entre 1922 e 1954. A protagonista é a personagem real Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio), que com sua determinação,
inteligência e beleza provocou escândalo na sociedade paulista da
época: após descobrir a traição do
marido, o personagem fictício
Fernão (Herson Capri), decide
pelo desquite num tempo em que
muitas se resignavam.
O ator Erik Marmo interpreta o
fictício Martim, grande paixão de
Yolanda, um estudante anarquista de medicina. Mas o destino os
separa, e ela encontra Francisco
Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo,
dono do maior parque industrial
de São Paulo e fundador do MAM
(Museu de Arte Moderna), em
1948. Na minissérie, ambos mantêm uma relação de admiração e
respeito mútuos, além do espírito
empreendedor nas artes.
As aventuras amorosas de Ciccillo e o amor de Yolanda por
Martim não afetam a amizade do
casal, na visão da autora e de seu
parceiro, Alcides Nogueira.
Os outros núcleos de "Um Só
Coração" mostram perfis e histórias de outros personagens, históricos ou fictícios (a tal licença poética a que os autores se reservam).
A família fictícia Sousa Borba
representa a decadência da sociedade paulista após o crack da Bolsa de Nova York, em 1929. Morador de um casarão no bairro de
Campos Elíseos, coronel Totonho
(Tarcísio Meira) é um dos donos
de fazenda de café da época que
perdem tudo e se decide por um
trágico desfecho: o suicídio.
Dos seus cinco filhos, Rodolfo
(Marcelo Anthony) é o mais velho
e conta com mais liberdade e confiança do pai; Maria Luíza (Letícia
Sabatella), apaixonada pelo pintor pobre Madiano (Ângelo Antônio), e Bernardo (Daniel de Oliveira), simpatizante do anarquismo, sofrem severa censura do patriarca. A bela Ana Schmidt (Maria Fernanda Cândido) é uma
moça humilde que também é perseguida pelas críticas de conservadores por posar para pintores.
O casarão é um símbolo da
transformação da cidade. Após a
crise de 29, o palacete vira um
bordel e, após a década de 30, uma
pensão, que recebe os imigrantes
judeus Lídia (Helena Ranaldi),
Rachel (Débora Falabella) e Samuel (Sérgio Viotti). Ali também
vivem outros imigrantes, como os
japoneses da família Fujihara.
Entre os grandes momentos
históricos resgatados, há capricho
especial com a Semana de Arte
Moderna de 1922, marco da cultura brasileira. A minissérie reproduz 30 obras da época, além de
personagens-chave como Tarsila
do Amaral, Oswald de Andrade,
Mário de Andrade, Assis Chateaubriand e outros.
"Um Só Coração" recebeu da
Globo tratamento de superprodução. A cena que remonta a invasão de militares insatisfeitos
com políticas do governo central,
em 1924, conta com cerca de 350
figurantes que ocuparam o centro
histórico de Santos, local escolhido para as gravações. É um dos
destaques das tomadas de ação de
"Um Só Coração", que agora tenta repetir o sucesso de "A Casa das
Sete Mulheres", sob o pretexto de
homenagear São Paulo, menina-dos-olhos do mercado publicitário da TV brasileira.
Para Milú Villela, presidente do
MAM, "é um orgulho ter São Paulo, mais uma vez, como tema de
minissérie". Ela organizou, em
parceria com a Globo, a mostra
"Um Só Coração, uma História de
Amor com São Paulo", um acervo
de 30 obras do museu, fotografias,
figurinos, réplicas de jóias e vídeos, aberto ao público no MAM
até 18 de janeiro.
UM SÓ CORAÇÃO. Minissérie de Maria
Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.
Quando: terça, às 21h55, na Globo.
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