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Festival começa hoje com ênfase no teatro musical
Gilberto Mendes e homenagem a Stockhausen também são destaques do Música Nova
Mendes, criador do evento de música contemporânea, assina a direção artística da 43ª edição e sobe ao palco; há concertos de 16 atrações
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ênfase no teatro musical, homenagens a Stockhausen e a
participação, no palco, do compositor Gilberto Mendes são os
destaques do 43º Festival Música Nova, que acontece de hoje
a 1º de outubro, em São Paulo,
Campinas e Santos.
Mais tradicional evento dedicado à música contemporânea
na América Latina, o festival foi
criado em 1962 por Gilberto
Mendes, 85, que assina a direção artística. A edição deste
ano, com direção executiva de
Lorenzo Mammì e Luís Gustavo Petri, traz concertos de 16
diferentes atrações e os "Seminários Música Nova", com nomes internacionais discutindo
os rumos da produção atual de
vanguarda (veja ao lado).
Entre os nomes dos seminários, estão o americano Chris
Chaffe, da Universidade Stanford, e a francesa Françoise Rivalland, do grupo S.I.C., conjunto que atua nas relações entre música de câmera, literatura, cinema e artes cênicas, e que
é um dos destaques do festival.
Outro grupo que faz o cruzamento entre música e teatro é a
Opera Nova Zürich, da Suíça.
Com a participação da soprano
argentina Lia Ferenese, apresentará uma versão do compositor italiano Salvatore Sciarrino para a ópera "Lohengrin",
de Richard Wagner -vista a
partir do ponto de vista de Elsa,
a personagem feminina.
Mendes também sobe ao palco, empunhando um pau-de-chuva (instrumento de percussão), na apresentação de seu
"Escorbuto: Cantos da Costa",
sobre poemas de Flávio Amoreira. Ele estará ao lado do pianista Antonio Eduardo, do violonista Alessandro Atanes e de
duas bailarinas.
"O livro é um canto do mar, e
nossa gesticulação, em cena,
também é meio marítima. O
meu pau-de-chuva vira um remo", diz o compositor, cuja intenção, ao criar o festival, era
trazer ao Brasil os principais
nomes das vanguardas internacionais de seu tempo.
Daí a homenagem ao alemão
Karlheinz Stockhausen (1928-2007), que era um dos papas
dos cursos de verão que reuniam, na cidade alemã de
Darmstadt, as correntes mais
radicais da música contemporânea na década de 60. Falecido
no ano passado, Stockhausen
terá seu "Kreuzpiel" tocado pelo Ensemble Música Nova, na
USP, dia 15.
Outro homenageado é o pernambucano Willy Corrêa de
Oliveira, que completou 70
anos de idade em fevereiro. Colaborador de Mendes na gênese
do Música Nova, Oliveira foi
progressivamente se afastando
das idéias que tinha naquela
época, as quais hoje ele francamente repudia.
"Eu nunca mais procurei o
Willy, nem ele me procurou",
sintetiza Mendes. Contudo,
seus "Dois Prelúdios" integram
o programa da apresentação de
Caio Pagano (piano) e Paulo
Chagas (eletrônica), dia 14, no
Sesc Vila Mariana.
A programação destaca ainda, no dia 11, o lançamento do
CD "Trópico das Repetições",
no qual obras do compositor
paulista Silvio Ferraz são executadas por instrumentistas.
Com ingressos a R$ 10, o concerto de abertura, hoje, às 21h,
no Sesc Vila Mariana, traz o Coro de Câmara da Osesp, com
um repertório bem variado, do
paulista Aylton Escobar, 64,
até o polonês Krzysztof Penderecki, 74.
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