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Primeiro longa do diretor de TV Jayme Monjardim lidera bilheteria e apanha de especialistas
"Olga" casa com o público e se divorcia dos críticos
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Retratado na telona pelo diretor
Jayme Monjardim, o romance de
Olga Benario (1908-1942) e Luiz
Carlos Prestes (1898-1990) reacendeu a discussão sobre o casamento (estético) do cinema com a
TV e escreveu novo capítulo no
divórcio entre crítica e público.
"Olga", primeiro longa-metragem de um cineasta que se notabilizou por dirigir novelas de sucesso ("O Clone", "Terra Nostra",
"Pantanal"), mantém-se há duas
semanas como o campeão da bilheteria de cinema no Brasil. Derrotou, entre outros, "Colateral" e
"Eu, Robô", que têm os astros
hollywoodianos Tom Cruise e
Will Smith, respectivamente.
Até quinta passada, o filme baseado no livro de Fernando Morais, cuja produção consumiu cerca de R$ 10 milhões, acumulava
1,2 milhão de espectadores, em 14
dias de exibição.
Da crítica, porém, "Olga" coleciona impiedosas bordoadas. Um
argumento comum aos depreciadores do filme é seu parentesco
com a "linguagem de TV", identificado na fartura de closes e no
uso da música para sublinhar a
emoção dos personagens.
Num texto intitulado "Olga é algo", o jornalista Arnaldo Bloch
publicou em "O Globo": ""Olga"
pode até ser um filme. Mas não é
cinema. Nada tem a ver com a arte
que costumamos chamar de cinema. Os planos, contraplanos e
closes de Monjardim são recursos
básicos de televisão, pelas limitações de locação e estúdio".
"Dissecando "Olga'" no site No
Mínimo, o crítico Ricardo Calil
afirma: "O diretor continua essencialmente televisivo no ritmo
do filme, criando momentos de
tensão e aumentando o volume
da trilha a cada dez minutos, como se fosse necessário prender o
espectador antes do intervalo".
O crítico Alexandre Werneck
diz na revista eletrônica "Contracampo": "A operação mais estranha do filme de Monjardim (e que
o aproxima mais da TV do que as
dimensões da filmagem) é a de
tentar fazer Olga se encaixar nesse
clichê da mulher de pedra. Para
fazê-lo, elemento recorrente de
teledramaturgia, ele converte a
fórceps os elementos que a cercam em conspiração contra a felicidade. Olga só é feliz quando
ama -como se o amor fosse incompatível com a solidariedade".
A Folha ouviu outros críticos e
cineastas sobre a filiação de "Olga" à TV. Virando a página, o leitor tem o resultado do "DNA".
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