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MÚSICA
ROCK
Em entrevista, o vocalista Fran Healy fala sobre os caminhos seguidos pelo grupo no mais recente disco, "12 Memories"
Travis retorna político e "para as massas"
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Música para as massas. É para o
grande público, para ser cantado
em uníssono nos shows de estádios, que o Travis, grupo escocês
de baladas açucaradas, construiu
"12 Memories", seu quarto e mais
recente álbum.
E foi por isso que a banda
-embora não assuma diretamente- dispensou os serviços de
Nigel Godrich, o homem que produziu os últimos discos do Radiohead e que havia dado uma mão
nos dois CDs anteriores do grupo,
com toques progressivos e algumas experimentações.
Sem Godrich, agora menos romântico e mais político. "12 Memories", com lançamento previsto para o próximo dia 12, marca a
chegada de um novo Travis. "Definitivamente, há uma nova temática. Queríamos mudar algumas
coisas. Realmente não há tantas
canções de amor. Mas há paixão
em nossa música, a paixão que
nos fez montarmos a banda", diz
o líder e vocalista Fran Healy, 31,
por telefone, à Folha.
A verve política aparece em canções como "Peace the Fuck Out" e
"Beautiful Occupation" -a primeira, sobre atentados, Iraque
etc; a segunda foi parida no dia da
marcha antiguerra que tomou
Londres no ano passado.
"Sim, é mais político. Digo, não
me acho um meteorologista por
ter feito "Why Does It Always Rain
on me" [Por que Sempre Chove
em Mim?, megahit do segundo
disco, "The Man Who", de 99]...
Algumas de nossas últimas canções lidam com questões políticas. Tony Blair tomou a decisão
errada ao apoiar os EUA na Guerra do Iraque. Mas ele tem sorte,
pois não há no Reino Unido ninguém que tenha carisma para
ameaçar o seu posto."
"Banda do povo"
O Travis apareceu e estourou logo de cara com o primeiro álbum,
"Good Feeling" (97). O quarteto
se estabeleceu de vez entre os
maiores com "The Man Who".
Era um rock clássico, apoiado nas
guitarras e nos vocais em primeiro plano. Já "The Invisible Band"
(01), a segunda parceria com Godrich, estagnou a banda; não empolgou. Daí a insatisfação com o
produtor.
"Comparavam-nos com o Radiohead. Acho que o Radiohead é
uma antítese do que o Travis é. O
Travis é e sempre será uma "banda
do povo". Radiohead foi uma banda desse tipo, mas eles trilharam
um caminho mais artístico, deixaram as pessoas confusas", afirma Healy, sobre a direção eletrônica tomada pelo grupo de Thom
Yorke. "É boa música, mas não é
para as massas, é para um número limitado de pessoas que gostam de barulhos e coisas do tipo.
Não me identifico mais com eles."
Outro fator -não menos importante- que ajudou a gerar esse novo Travis foi um acidente sofrido pelo baterista Neil Primrose
em julho do ano passado (o músico fraturou a costela ao cair numa
piscina em um hotel de Paris e
quase ficou tetraplégico). "Após
esse desastre, não sabíamos se
continuaríamos juntos."
Uma característica que este Travis 2003 ainda conserva, segundo
Healy, são os pés no chão. "Não
acreditamos nesse estilo "mau"
dos rockstars. Gosto de chegar em
casa, sentar no sofá e tomar uma
boa xícara de chá."
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