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CRÍTICA
Disco rasteja do começo ao fim
DA REDAÇÃO
Agradar às massas é até
possível e provável que se
consiga, mas o problema aqui é
mais embaixo. "12 Memories"
não é um mau disco, mas é importante porque define bem o que
acontece neste rock atual. O álbum mostra que o Travis é uma
banda que ficou para trás.
"12 Memories", de novo, está
longe de ser ruim. Tem lá suas baladas assobiáveis, canções bonitinhas. Seria perfeito há uns três ou
quatro anos. Mas neste 2003 canções apenas bonitinhas e assobiáveis não são suficientes. O nível
agora está mais alto.
"Novo rock", "a vingança das
guitarras", batize aqui com o nome que quiser; há muitos e muitos anos não víamos tantas bandas novas surgindo, com som
fresco, excitante, vendendo discos
e lotando shows. Bandas que geram ansiedade, que te fazem correr para a internet atrás de cada
canção nova que aparece.
Música que não necessariamente inova nos elementos, mas que
inova no todo; música que aponta
novos caminhos. Vê-se isso em
Strokes, White Stripes, Interpol,
no veterano Radiohead, no electro-rock do Rapture, nas produções dos Neptunes e até nas inocentes baladas do Coldplay.
Vê-se isso até no Brasil, onde: 1)
uma rádio rock de São Paulo recentemente tornou-se verdadeiramente rock, deixando de lado
as babas insípidas que dominavam o dial para dar lugar a grupos
como Flaming Lips e Junior Senior; 2) bandas independentes como Forgotten Boys e Borderlinerz
tentam se enquadrar no que
acontece no planeta.
Mas não se vê isso no Travis.
Eles já fizeram coisas legais.
"Good Feeling" e "The Man
Who" são CDs bons, representaram o que acontecia e o que a molecada queria no final dos anos 90.
O que poderia encaixar o Travis
com estes novos tempos era justamente o produtor Nigel Godrich.
Sem ele, os escoceses aparecem
apenas com um disco quadrado,
que rasteja do começo ao fim.
"Beautiful Occupation" é simpática; "Re-Offender", o single,
segura as pontas, "Walking Down
the Hill", com pianos, meio moderna, fecha o disco com dignidade... Mas é difícil ir além disso.
"Peace the Fuck Out", dirigida a
Tony Blair, é simplória ("Você
tem opções, então escolha/ Você
tem um cérebro, então use-o").
"Paperclips", "Somewhere Else",
"Love Will Come Through" e
"Mid-Life Krysis" serão esquecidas facilmente. Como este disco.
(THIAGO NEY)
12 Memories
Artista: Travis
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 30, em média
(a partir de 12 de outubro)
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