São Paulo, quarta-feira, 05 de outubro de 2011 |
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CRÍTICA TERROR Diretor desloca atenção para a profundidade das epidermes CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA Filmar com excessos -as paixões, as cores, a sexualidade- foi, desde as origens, a marca do cinema de Almodóvar. Mas mesmo seu espectador mais descomedido pode ir preparado para encontrar em "A Pele que Habito" um filme que transborda. O excedente de controle que deságua em descontrole tem seu ponto de partida na relação entre o cirurgião Robert (composto por Antonio Banderas com frieza e dureza formidáveis) e a paciente Vera (Elena Anaya, um cruzamento genético de Penélope Cruz e Victoria Abril). Almodóvar tece uma sucessão de tipos e situações anômalos aptos a promoverem as rupturas que conduzem o filme a cada surpresa. Em meio a uma montanha-russa na qual se sucedem apogeus plásticos e abismos emocionais, percorremos temas do primeiro e mais escrachado Almodóvar reincorporados à vertente mais clássica e sóbria que ele estabeleceu na fase dos melodramas. Com uma estética clínica que evoca o cinema orgânico de Cronenberg, "A Pele que Habito" nos entrega uma potente reflexão sobre a subjetividade contemporânea. Em vez do corpo, sujeito a todo tipo de modificação, adaptação e reconstituição, Almodóvar desloca nossa atenção para a profundidade das epidermes. Em telas de TV, na superfície das paredes de um quarto, na reconstituição da imagem da pessoa amada ou na impossibilidade do sexo via penetração, ele faz desaparecer os limites das identidades feminina, masculina, gay. E realiza uma obra-prima transgênica e transgênero. A PELE QUE HABITO AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Raio-X: Pedro Almodóvar Próximo Texto: Festival de Brasília premia filme inédito e outro já exibido Índice | Comunicar Erros |
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