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Mostra busca ver a atualidade da obra de Matisse
Exposição na Pinacoteca em 2009 pretende reunir 40 obras do pintor, além de trabalhos de artistas contemporâneos
Telas, esculturas, serigrafias, gravuras, fotos e livros ilustrados compõem o projeto, que faz parte do ano da França no Brasil
GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LE
CATEAU-CAMBRÉSIS (FRANÇA)
Setembro de 2009 parece
longe, mas Emilie Ovaere tenta
ganhar tempo. Há dois meses a
curadora do Museu Matisse em
Le Cateau-Cambrésis -cidade
de nascimento do pintor a 200
km de Paris- começa a organizar a mostra que trará ao Brasil
no ano que vem, prevista para
ocupar as seis salas temporárias da Pinacoteca.
A Folha teve acesso ao projeto da exposição, pensada como
principal evento de artes plásticas do ano da França no Brasil. A idéia é de que estejam
reunidas cerca de 40 obras do
pintor (1869-1954), expoente
maior do fauvismo: 15 telas,
duas esculturas, duas serigrafias sobre tecido. Gravuras, desenhos, fotos e livros ilustrados
completarão o conjunto.
"Não teremos quadros suficientes para uma verdadeira
retrospectiva, mas pretendo
montar uma exposição que seja
bastante didática, com as obras
agrupadas tanto pela cronologia quanto pela temática",
adianta Ovaere, que visitou São
Paulo no início de maio para
conhecer o espaço.
O projeto prevê a organização das salas a partir de grandes temas emblemáticos: a paisagem, a natureza-morta, mulheres em interiores, o desenho
e os papéis cortados ("recortar
a cru na cor me faz lembrar o
talhe direto dos escultores", escreveu). Dentro dessa divisão,
cada tema será tratado de maneira cronológica, procurando
enfatizar os principais temas
da pesquisa plástica de Matisse: a cor, o espaço arabesco.
"O Marcelo [Araujo, diretor
da Pinacoteca] manifestou o
desejo de abrigar uma exposição do Matisse e a CulturesFrance [braço do Ministério
das Relações Exteriores francês que coordena o Ano da
França no Brasil] indicou o
nosso museu para uma parceria", conta a curadora.
Cerca de 15 telas serão emprestadas pelo Centre Georges
Pompidou. É o caso, por exemplo, de "Nature Morte au Magnolia", de 1941. Do museu em
Le Cateau está confirmada a
ida de duas serigrafias -"D'Océanie, La Mer" e "D'Océanie,
Le Ciel"-, ambas de 1946 e as
pranchas do livro ilustrado
"Jazz", editado em 1947.
"Mas, é preciso dizer, muita
coisa está em andamento", diz
Ovaere. "Tenho uma reunião
marcada na Bibliothèque Nationale de France, que possui
um conjunto enorme de gravuras, mas ainda não sei exatamente o que será levado ao
Brasil". Coleções particulares
francesas e brasileiras também
emprestarão obras. A curadora
foi informada pela reportagem
da Folha sobre o recente roubo
de obras na Pinacoteca, mas
preferiu não comentar o tema.
Contemporâneos
Além das obras do mestre
moderno, serão apresentadas
obras e instalações de seis contemporâneos -franceses ou ligados à França- que de algum
modo dialogam com a produção matissiana, repensando o
uso da cor pura e os motivos decorativos. Vem daí o título que
foi dado à mostra: "Matisse Aujourd'hui" (Matisse hoje).
Estarão presentes trabalhos
do argelino Adel Abdessemed,
que participou este ano de outra mostra no Brasil, e os franceses Christophe Cuzin, Cécile
Bart, Frédérique Lucien, Pierre
Mabille e Philippe Richard.
O projeto ainda prevê a apresentação do filme de François
Campaux e das fotografias de
Henri Cartier-Bresson e Man
Ray, que mostram Matisse em
ação, no seu ateliê.
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