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6ª FLIP
Tom Stoppard brilha em Flip sem estrelas
Dramaturgo britânico foi o destaque da sexta Festa Literária Internacional de Paraty, que terminou ontem à noite
No último evento da festa, convidados leram trechos de livros que escolheram livremente; público foi maior do que em 2007
EDUARDO SIMÕES
MARCOS STRECKER
ENVIADOS ESPECIAIS A PARATY
Numa Flip que reuniu menos
estrelas do que as edições anteriores, e que terminou na noite
de ontem, o dramaturgo britânico Tom Stoppard brilhou
com uma participação marcada
pelo bom humor, pela presença
de espírito e pela discussão inteligente e original sobre a expressão artística em suas várias
formas.
Mais importante representante da cena literária mundial
na festa, o holandês Cees Nooteboom conquistou o público
contrapondo-se com o histriônico e polemista colombiano
Fernando Vallejo.
Outro destaque foi a conferência didática e consistente do
crítico literário Roberto
Schwarz, que fez um histórico
da evolução da crítica machadiana a partir de uma análise do
romance "Dom Casmurro".
As mesas mais divertidas foram as do escritor e humorista
americano David Sedaris, que
arrancou gargalhadas da platéia com seu humor ácido. E a
dos escritores Xico Sá e Humberto Werneck.
Balanço
Segundo a organização da
Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), foram vendidos 36.600 ingressos este ano,
mais do que em 2007. Uma novidade foi a confirmação, já no
último dia do evento, do jornalista Flávio Moura como diretor de programação de 2009.
Moura assumiu a função apenas em dezembro passado e teve menos de seis meses para
montar a grade de 2008 (autores renomados preparam suas
agendas com grande antecipação, o que demanda antecedência e continuidade de contatos).
Quanto à falta de nomes de
peso do mundo das letras, o arquiteto Mauro Munhoz, diretor da Associação Casa Azul,
entidade que organiza o evento,
afirmou que "não é objetivo da
associação fazer um festival de
celebridades".
Moura, que desde o começo
defendeu a interdisciplinaridade de seu elenco, que incluiu
um dramaturgo, cineastas, psicanalistas e até um humorista,
ressaltou maior liberdade para
a escolha dos convidados.
"A programação deste ano é a
prova de que estamos com uma
postura arrojada em relação às
editoras", disse o jornalista.
O diretor também comentou
a presença de críticos e de nomes da academia. "Falaram que
era uma Flip mais intelectualizada, mas [para mostrar o contrário] tivemos uma fila como a
de Neil Gaiman".
O quadrinista britânico reuniu uma multidão de fãs por várias horas para terem seus livros autografados.
Quanto a 2009, Moura acenou com a possibilidade de ampliar o leque de nacionalidades,
que incluiu este ano um italiano e um alemão. "Vamos convidar escritores que tiverem qualidade. Se tiver, um japonês ou
um chinês seriam interessantes, ou ainda alguém da Índia."
Livros de cabeceira
No evento final da Flip, oito
autores leram trechos de livros
que escolheram.
Participaram da mesa "Livro
de Cabeceira" a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (que
leu "Autobiography of My Mother", de Jamaica Kincaid), Nathan Englander (o conto
"Goodbye, My Brother" de
John Cheever), Zoë Heller ("A
Convidada do Casamento", de
Carson McCullers), Neil Gaiman ("The 13 Clocks", de James Thurber), Cíntia Moscovich ("De Amor e Trevas", de
Amóz Oz), Alessandro Baricco
("O Apanhador no Campo de
Centeio", de J. D. Salinger),
Tom Stoppard ("In Our Time",
de Hemingway) e Cees Nooteboom ("Em Busca do Tempo
Perdido", de Proust).
"Li a obra de Proust somente
quando fiz 42 anos, e fico feliz
de não ter lido antes", disse
Nooteboom.
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