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Com ênfase no ataque, futebol do Brasil é jogado em poesia, analisa José Wisnik
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A PARATY
O escritor e compositor José
Miguel Wisnik e o antropólogo
Roberto DaMatta promoveram
uma análise sociocultural do
Brasil através do futebol. O esporte é tema de livros recém-lançados por Wisnik ("Veneno
Remédio", Companhia das Letras) e por DaMatta ("A Bola
Corre Mais do que os Homens",
Rocco). Os dois se apresentaram ontem na mesa "Folha Seca", que teve mediação do jornalista Matthew Shirts.
Torcedor do Fluminense,
DaMatta ressaltou que a força
do futebol no Brasil destrói "o
mito de que somos fracos". Segundo o ele, em vez de destruir
a cultura do país, o jogo vindo
da Inglaterra foi "canibalizado"
e virou paixão nacional.
Citando um ensaio do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, Wisnik, que torce pelo Santos, fez uma analogia entre futebol e literatura e disse que o
esporte pode ser jogado em
prosa, com ênfase na defesa, ou
em poesia, com ênfase no desejo de ataque e não-linear, que
seria o caso da América do Sul,
mais especificamente do Brasil.
Para Wisnik, "o futebol brasileiro cria uma linguagem com
beleza e gratuidade, sem deixar
de lado a eficácia". Em seguida,
o escritor relacionou o esporte
e o Brasil.
"O futebol é o lugar onde se
manifesta a síndrome do tudo
ou nada do brasileiro, entre os
momentos maravilhosos e a
queda catastrófica, entre a
exaltação e a vaia", afirmou
Wisnik.
Pierre Bayard
Mais cedo, na mesa "Os Livros que Não Lemos", mediada
por Contardo Calligaris, colunista da Folha, o escritor francês Pierre Bayard polemizou
afirmando que para apreciar
um livro não é necessário lê-lo.
Seu colega de mesa, Marcelo
Coelho, também colunista da
Folha, ponderou: "Não podemos querer que todos leiam
avidamente ou que só se contentem com resumos", disse,
referindo-se ao expediente de
notas, sugerido por Bayard para substituir a leitura integral.
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