São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008 |
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CRÍTICA Plano único faz inventário da estupidez JOSÉ GERALDO COUTO COLUNISTA DA FOLHA "Ainda Orangotangos", longa de estréia de Gustavo Spolidoro, acompanha personagens diversos ao longo de um dia na vida de Porto Alegre. O fato notável é que faz isso num longo e único plano-seqüência, ou seja, numa tomada contínua. O tour de force faz lembrar um filme feito há 60 anos por Hitchcock, "Festim Diabólico" -só que, neste, tudo se passava em um apartamento, e a ação convergia para um crime. Em "Ainda...", ao contrário, a narrativa se esgarça em episódios independentes, com a câmera abandonando sem cerimônia um personagem para seguir outro. Resulta daí uma série de situações bizarras e banais. O fato de a câmera avançar sempre em frente e as portas abertas nunca se fecharem traz uma qualidade vagamente onírica, um mergulho de Alice no mundo dos horrores. Spolidoro já mostrou ter talento. Agora, precisa ter algo a dizer, pois limitar-se a exibir um compêndio da estupidez humana ainda é muito pouco. AINDA ORANGOTANGOS Produção: Brasil, 2007 Direção: Gustavo Spolidoro Com: Karina Kazuê, Lindon Shimizu, Artur José Pinto Quando: em cartaz nos cines Frei Caneca e HSBC Belas Artes Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos Avaliação: bom Texto Anterior: Diretor estréia em longas com façanha técnica Próximo Texto: Crítica/DVD/"Os Inconfidentes" Índice |
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