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TELEVISÃO
Antonio Athayde, do SBT, afirma que grupos querem ter controle de TVs
Limite afasta estrangeiro da mídia, diz especialista
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
Superintendente comercial do
SBT desde outubro, o engenheiro
Antonio Vicente Austregésilo de
Athayde, 58, quase se tornou um
dos donos da emissora de Silvio
Santos. Em 1998, Athayde estava
em um grupo, liderado por José
Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o
Boni, que tentava comprar parte
do SBT. Mas, na última hora, Silvio Santos desistiu do negócio.
Nos últimos três anos, Athayde
trabalhou na Rio Bravo Investimentos, onde atendeu a grupos
estrangeiros interessados em investir na mídia brasileira.
Os dois fatos podem sugerir que
Athayde foi trabalhar com Silvio
Santos para vender o SBT, e não
seus intervalos comerciais. O executivo refuta a insinuação. Diz
que sua única missão no SBT é aumentar a participação da emissora no bolo da publicidade, dominado pela Globo, que detém quase 80% das verbas.
Athayde está enfrentando o
monstro que ajudou a criar. Ele
entrou na Globo em 1977, onde
desenvolveu um sistema de controle dos espaços comerciais. Entre 1986 e 1990, foi superintendente da área comercial da emissora.
Saiu do grupo em 1997.
O executivo generaliza quando
questionado se o SBT está à venda. "Qualquer mercado que tem
alguém com 80% [das verbas]
desperta a atenção de investidores, porque há potencial para tirar
parte da fatia da líder [a Globo]. A
estrela não é a líder", diz. Em outras palavras, a estrela dos investidores seria o SBT, porque é a que
tem mais potencial de crescer.
Mas, na opinião de Athayde,
muita coisa precisa mudar para
que o investidor estrangeiro aposte na mídia brasileira. Passado
mais de um ano da regulamentação da emenda constitucional que
permite até 30% de capital externo em empresas de comunicação,
praticamente nada aconteceu.
Para Athayde, o maior obstáculo é o limite de 30%. Os estrangeiros não se sentem à vontade para
investir em um negócio em que
não têm controle. Contratos de
gaveta que burlem a lei não são
aceitos por grupos de capital
aberto, "transparentes".
Falta também profissionalismo
nas gestões. "Quem manda na
programação das emissoras são
os donos", afirma. "Enquanto
prevalecer esse jeito, vai ser difícil
haver capital estrangeiro."
Athayde afirma que grupos europeus e latinos, como Televisa e
Cisneros, têm interesse no Brasil.
E não apenas para dilatar seus
custos de produção com a desova
de programação. "Eles querem
também produzir, porque aqui há
profissionais muito bons", diz.
Comercial
O superintendente do SBT diz
que a participação da emissora no
bolo publicitário (estima-se que
seja entre 10% e 14%) irá crescer
20% apenas com investimentos
em tecnologia, com um novo sistema operacional que permitirá
ao contato publicitário reservar
espaços a anunciantes pelo celular. Hoje isso é feito no papel.
Athayde acredita que, mesmo
sem investimentos em esportes e
jornalismo, que faltam ao SBT, a
emissora chegará a ter 18% do
mercado. Neste ano, no entanto,
nada irá mudar. O SBT deve faturar 5% a menos do que em 2002.
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