|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÍDIA
Beneficiário de mudanças nas regras de controle das comunicações, magnata é acusado de monopólio no país; aqui também
Império de Murdoch sofre ataque nos EUA
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
João alugou "Titanic" no DVD.
Fã do cinema nacional, Maria assistiu ao longa "Cristina Quer Casar". Contestador, José lê "Stupid
White Men", do guru da esquerda
Michael Moore. Lúcia viu o blockbuster "X Men 2" no cinema e voltou para casa ouvindo o novo CD
de Kylie Minogue. Seu namorado
prefere o jazzista Miles Davis.
Já Manuel não perde um episódio de "Os Simpsons" na TV, enquanto sua mãe só se informava
durante a guerra do Iraque pelo
canal de notícias Fox News. Ambos assistiram ao filme alternativo
"Meninos Não Choram".
Todos os personagens fictícios
acima, que poderiam viver literalmente em qualquer cidade do
mundo, têm em comum uma
pessoa, que faturou com cada
ação do grupo: Rupert Murdoch.
Com sua News Corporation,
uma das cinco gigantes de mídia
do mundo, este australiano naturalizado norte-americano de 72
anos controla 700 empresas, que
empregam 30 mil pessoas, faturaram US$ 15 bilhões no ano passado e estão presentes em 52 países.
São 175 jornais, que tiram 40
milhões de exemplares por semana, e 34 emissoras de TV apenas
nos EUA, mais 300 milhões de assinantes de TV paga. Se fosse um
país, em termos de mídia, a News
seria maior que o Brasil.
Murdoch voltou à mídia nos últimos dias por ser um dos principais beneficiários em potencial
das mudanças nas regras de controle da mídia nos EUA aprovadas na última segunda-feira pela
FCC (sigla em inglês para Comissão Federal de Comunicações),
que agora estão mais liberais.
Por esse motivo, ele virou o "garoto-antipropaganda" do movimento antimonopólio nos EUA,
encabeçado pelas ONGs de esquerda Common Cause, Free
Press e MoveOn.
"Nós o escolhemos para personificar o problema do monopólio
principalmente porque seus produtos são facilmente reconhecíveis pelo público", disse à Folha
Chellie Pingree, presidente da
Common Cause.
Ela diz crer que Murdoch deve
aproveitar as regras mais liberais
da FCC para expandir seu império. E avisa: "É bem possível que
logo logo vocês no Brasil sintam
os efeitos dessa liberalização e o
desejo de expansão de Murdoch".
Também no Brasil o empresário
protagoniza caso de monopólio,
na TV paga por satélite. Acionista
e com o controle gerencial da Sky,
ele se tornou proprietário indireto
da concorrente DirecTV ao comprar nos EUA em abril a Hughes.
Essa empresa é a proprietária da
GLA, ex-joint venture que criou a
DirecTV por aqui em 96. Assim,
de uma maneira ou de outra, passa pelas mãos de Murdoch o que
assistem 95% dos assinantes brasileiros de TV por satélite.
O caso está sendo analisado pela
Agência Nacional de Telecomunicações e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Segundo disse à Folha a assessoria de imprensa da Anatel, o
processo está na fase de envio de
documentação, e o resultado só
deve sair em seis meses.
O empresário ainda não se manifestou publicamente sobre as
mudanças da FCC nem sobre seus
planos para o Brasil. A Folha tentou falar com Murdoch em seu escritório de Nova York via seu vice-presidente de comunicações,
Andrew Butcher, e o diretor de relações com a imprensa, Nicholas
Weinstock, sem sucesso.
Texto Anterior: Crítica: Enema é a melhor diversão! Próximo Texto: Realidade virtual Índice
|