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Vendas batem recorde no Brasil, e filmes tomam lugar do CD na troca de presentes
DVD cria cinematecas caseiras
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A venda de aparelhos de DVDs
bate recordes e recordes no Brasil.
Só no primeiro trimestre deste
ano cresceu 177% em relação ao
mesmo período de 2003. E no ano
passado o Brasil já havia alcançado a nona posição no mercado
mundial títulos de DVDs musicais.
Mais do que proporcionar um
cineminha de melhor qualidade
em casa, a nova tecnologia muda
hábitos no país. Colecionar filmes
agora não é só para fanáticos.
Menos de cinco anos após sua
"estréia" brasileira, o DVD conseguiu transformar a venda de longas-metragens num negócio tão
lucrativo como jamais ocorrera
com a fita de vídeo (VHS) -presente há mais de 20 anos no país.
Filmes começam a ocupar, nas
prateleiras das salas, espaço dos
CDs, cuja indústria enfrenta grave
crise. E mais: com a aproximação
dos preços, o DVD vem tomando
também lugar do CD na troca de
presentes. O filme do padre Marcelo Rossi ("Maria, a Mãe do Filho
de Deus"), por exemplo, virou coqueluche neste Dia das Mães.
A mania da cinemateca caseira
atinge mesmo aqueles que não
freqüentam cinemas e costumavam usar o vídeo só para gravar
novela. É o caso do advogado Alcir Martins, 55, que na última
quarta "fuçava" uma promoção
"leve três e pague dois" no centro
de São Paulo. "Tenho 60 títulos e
vou comprar muito mais para
montar uma filmoteca em casa.
Preciso de uma estante nova e irei
organizar tudo com catalogação."
Ele deixou de ir regularmente ao
cinema há mais de 30 anos. Antes
de adquirir seu aparelho de DVD,
via filmes na TV aberta e raramente alugava um VHS. Hoje trocou a locação pela compra.
"O DVD me reaproximou do cinema. Estou escolhendo os clássicos a que assisti na infância e alguns mais novos", diz ele, que na
quarta levou três por R$ 59,99, em
três vezes no cartão de crédito.
Quem já era cinéfilo antes do filme digital anda tendo "surtos" de
consumo com tanto lançamento.
Foi o que ocorreu com o designer gráfico Ivan Soares Pinto, 24
(na foto ao lado). Tudo começou
com "Gladiador", seu primeiro
DVD. Agora tem 480. A média de
preços dos seus escolhidos varia
de R$ 30 a R$ 40. Isso significa um
investimento de R$ 16,8 mil. Dava, com sobra, para ele trocar seu
Uno Mille 1990 duas portas por
um zerinho quatro portas.
Ele ri com a comparação. "Prefiro investir em filmes", diz o designer, que mora na casa dos pais.
Ivan compra em supermercados,
locadoras e chegou a ir direto a
distribuidoras. Dica do especialista para os iniciantes: esperar um
tempo para adquirir os lançamentos. "Tirando um clássico ou
outro, o preço sempre abaixa."
A mudança de comportamento
tem impacto nas locadoras. Na rede paulistana 2001, com quatro
lojas em bairros nobres, os números impressionam: na época do
VHS, o faturamento vinha 85%
de locação e 15% de venda. Com o
DVD, o aluguel fica com 37%,
contra 63% das vendagens. Na
Blockbuster, em várias cidades, a
venda responde por 10% do lucro.
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