|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DVD
No setor musical, formato ocupa 15% das vendas e pulou de 5.173 cópias vendidas em 99 para 3,4 milhões em 2003
Brasil já é o nono mercado do mundo
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
A quantidade de DVDs musicais vendidos no Brasil ainda é pequena, se comparada com a de
CDs. Em 2003, foram 3,4 milhões
de DVDs; não há dados equivalentes para CD ainda, mas em
2002 foram vendidos 79,6 milhões de discos no Brasil.
Ainda assim, o crescimento tem
sido exponencial (em 1999, venderam-se no país 5.173 DVDs de
música), enquanto o decréscimo
das vendas de CDs vem sendo
também contínuo. Mais que isso,
o Brasil foi no ano passado o nono
maior mercado do mundo para
DVDs, que ocuparam 2% do mercado global e 15% do brasileiro,
em termos de faturamento.
Tomando-se gravadoras isoladamente, essas fatias podem ser
ainda maiores -a Universal Music tirou 28% de seu faturamento
em 2003 desse formato.
O diretor-geral da Universal, José Antonio Eboli, diz que o Brasil
e o mundo já vivem uma fase de
competição entre os formatos
DVD, ascendente, e CD, decadente e ostensivamente pirateado.
O diretor-geral da Associação
Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), Paulo Rosa, relativiza a questão: "Se existe competição, é a mais sadia possível. Mas
não vejo assim, não".
Relativiza também derrotas e
vitórias da atual indústria musical: "Enquanto comemoramos o
crescimento do formato DVD, lamentamos a estagnação do mercado de discos e do mercado musical mundial como um todo".
O presidente da Trama, João
Marcello Bôscoli, lamenta o que
classifica como um equívoco das
indústrias envolvidas quando do
surgimento do formato DVD. Diz
que as fitas VHS deveriam ter sido
substituídas por DVDs de vídeo, e
os CDs, pelo DVD Áudio, sem
imagens.
"Como o substituto do CD pode
ser uma mídia cuja resolução de
som não é melhor que a do CD?",
questiona. "Acho que nós, da música, não deveríamos aceitar perder uma mídia exclusiva. Vou
contratar um violonista e necessariamente ter que gravar 1h30 de
imagens dele tocando violão?"
No Brasil, os DVDs de música
em geral se aprisionaram no padrão de shows ao vivo em que artistas cantam sucessos passados
de suas carreiras. Dos dez DVDs
musicais mais vendidos no país
em 2003, quatro são dos projetos
da rede musical de TV MTV.
O executivo Marcos Maynard,
que saiu da grande indústria com
a extinção da Abril Music e agora
volta ao mercado com o selo Maynard Music, defende a separação
entre CD e DVD.
"Economicamente, o DVD está
ajudando as companhias, mas
não é a salvação da lavoura. Não
está suplantando o CD, um é uma
coisa, e outro é outra", diz.
Eboli, da Universal, diz concordar em parte com a noção de que
o padrão "ao vivo" colabore com
a estagnação artística na indústria
fonográfica.
"O formato ao vivo sempre existiu e conviveu muito bem com a
renovação artística. É claro que
quando há um exagero na exploração, o que talvez seja caso do
Brasil, a tendência é sufocar o surgimento de novos artistas", afirma.
Texto Anterior: DVD cria cinematecas caseiras Próximo Texto: Brasileiros preferem ação e aventura em casa Índice
|