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Vinicius é tema do terceiro livro-CD da Coleção Folha
O poeta é personagem do volume que chega às bancas no próximo domingo
CD traz as 12 faixas do disco "Vinicius & Odette Lara", de 1963, que tem apenas parcerias do poeta com o violonista Baden Powell
DA REPORTAGEM LOCAL
Autor de clássicos da música
popular brasileira, como "Garota de Ipanema" (com Tom
Jobim), "Arrastão" (com Edu
Lobo) e "Minha Namorada"
(com Carlos Lyra), o poeta e letrista Vinicius de Moraes (1913-1980) é o personagem do terceiro volume da Coleção Folha
50 Anos de Bossa Nova, que
tem textos do escritor Ruy Castro e chega às bancas no próximo domingo, dia 17.
Carioca, de uma família de
origem aristocrática que apreciava as artes, Marcus Vinicius
da Cruz de Mello Moraes estudou direito e ingressou no Itamaraty, em 1943, para se tornar
diplomata. Exercendo a função
de vice-cônsul, viveu em Los
Angeles, nos Estados Unidos.
Já na década de 50, morou na
Itália.
Não é exagero dizer que sua
vida e sua imagem pública mudaram radicalmente após o advento da bossa nova. Antes de
1958, Vinicius dividia seu dia-a-dia entre as obrigações da carreira diplomática e o ofício de
poeta. Porém, depois que algumas das canções que fez em
parceria com Tom Jobim (em
especial "Se Todos Fossem
Iguais a Você", "Chega de Saudade" e "A Felicidade") se tornaram grandes sucessos, ele se
aproximou cada vez mais da
música popular e da boemia.
Mas não foi sem enfrentar
preconceitos dos colegas e de
outros intelectuais que o erudito diplomata e poeta -tratado
de igual para igual por figurões
do gênero, como o chileno Pablo Neruda ou a norte-americana Elizabeth Bishop- aderiu
ao balanço da bossa de Tom Jobim e João Gilberto.
Ironicamente, muitos dos
que criticaram Vinicius por ter
trocado a erudição poética pelos ritmos da música popular
jamais souberam que ele já era
compositor gravado antes mesmo de ter seu primeiro poema
publicado em livro.
Sua estréia musical se deu
em 1932, com o ingênuo fox-trot "Loura ou Morena", feito
em parceria com os irmãos
Paulo e Haroldo Tapajós.
Já para o grande público, que
o conheceu nos anos 60 e 70,
dividindo shows com as cantoras Marília Medalha, Maria
Creuza ou Joyce, além do inseparável violonista e cantor Toquinho, era como se o "poetinha", invariavelmente com um
copo de uísque na mão, tivesse
sido sempre o mesmo: carismático, romântico e boêmio.
"Signo da paixão"
Ou, como disse Carlos Drummond de Andrade, Vinicius foi,
entre os grandes poetas brasileiros, o único capaz de viver a
vida como poeta, "sob o signo
da paixão".
Para alguém que se dedicou à
música só depois dos 40 anos, a
obra de Vinicius chega a ser
surpreendente. Como letrista,
escreveu mais de 300 canções,
em parceria com inúmeros expoentes da MPB, como Pixinguinha, Antonio Maria, Adoniran Barbosa, Ary Barroso, Carlos Lyra, Baden Powell, Moacir
Santos, Edu Lobo, Francis Hime, Paulinho Nogueira e Capiba, entre outros.
O legado musical de Vinicius
não se prendeu apenas à moderna batida da bossa nova, que
o imortalizou. Seus versos também fazem parte de valsas,
marchas-rancho, serestas,
sambas-canções, até pontos de
macumba. Também não se limitou à língua portuguesa:
compôs em francês, em espanhol e em italiano.
No CD que acompanha o terceiro livro da coleção estão as
12 faixas do disco "Vinicius &
Odette Lara", de 1963. São apenas parcerias do poeta com o
violonista Baden Powell (1937-2000), incluindo sucessos como "Berimbau", "Samba em
Prelúdio", "Deixa" e "Samba da
Bênção".
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