São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Ex-Smog, Bill Callahan faz hoje show pela primeira vez no Brasil

Músico americano se apresenta no Studio SP, dentro do projeto Folk-se

DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Bill Callahan, 42, faz poesia em forma de música. Com sua voz de barítono, o cantor nascido em Maryland (EUA) fala de recordações, natureza, relacionamentos e fetiches -como em "Dress Sexy at My Funeral", em que pede à esposa para escolher um vestido provocante para seu sepultamento.
Tido como um dos principais representantes do lo-fi -estilo de gravação e execução ao vivo com uso de equipamentos rudimentares- norte-americano, Callahan se apresenta pela primeira vez no Brasil hoje, pelo projeto Folk-se, no Studio SP.
O repertório do show se baseia no seu álbum mais recente, "Woke on a Whaleheart" (2007), mas deve contar com canções dos 20 anos de carreira do músico -um trabalho constante, embalado pelo experimentalismo. "Tenho desejo de fazer [música]. Como o desejo do sexo, da comida. É realmente natural para mim, não penso muito sobre isso. Está na minha cabeça quando acordo", disse à Folha.
Callahan começou a carreira usando equipamentos obsoletos para gravar suas músicas em fitas cassete. Não era muito chegado a estúdios e produtores, até topar com o selo Drag City, com o qual lançou todos os seus discos, exceto o primeiro, "Sewn to the Sky", de 1990.
Já fez parcerias com Jim O'Rourke, músico e produtor da cena experimental de Chicago, que trabalhou com o Sonic Youth, e também com John McEntire, do Tortoise.
Descrito como uma das mais importantes figuras do indie rock dos anos 90, o músico relativiza sua importância: "Não acho que eu tenha nenhuma honra dentro da indústria. Estou no centro do que faço. Quando me concentro para fazer uma música, sinto como se fosse a primeira, a décima ou a quadragésima vez. O lugar e a sensação nunca mudam".

Tom Zé e Caetano
Influenciado por nomes tão díspares quanto Jandek -músico ultraexperimental que já gravou mais de 50 álbuns, mas faz raríssimas aparições- e o rapper Lil Wayne, Callahan também gosta de música brasileira: Tom Zé e Caetano Veloso são os preferidos.
Callahan usava o nome Smog (um tipo de poluição urbana) até o penúltimo disco. Passou a adotar o nome real em seu trabalho mais recente. "Foi um período da vida. Eu costumava viajar usando esse nome, mas depois de um tempo percebi que o tinha deixado para lá."
Sobre a expectativa para o show de hoje, ele faz uma metáfora inspiradora. "Tocar ao vivo é como um sonho. Não existe nada antes ou depois. Você vai para um lugar onde as pessoas estão e toca, então acaba, e as pessoas vão embora. Mas você tem a memória disso, como tem de um sonho. As pessoas vão embora com suas próprias nuvens de memória daquele sonho. Para algumas pessoas, é como um sonho bom, para outras, é um pesadelo."


BILL CALLAHAN
Quando: hoje, às 22h
Onde: Studio SP (r. Augusta, 591, tel. 3129-7040)
Quanto: R$ 35
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 18 anos




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