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Ex-Smog, Bill Callahan faz hoje show pela primeira vez no Brasil
Músico americano se apresenta no Studio SP, dentro do projeto Folk-se
DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Bill Callahan, 42, faz poesia
em forma de música. Com sua
voz de barítono, o cantor nascido em Maryland (EUA) fala de
recordações, natureza, relacionamentos e fetiches -como em
"Dress Sexy at My Funeral", em
que pede à esposa para escolher
um vestido provocante para
seu sepultamento.
Tido como um dos principais
representantes do lo-fi -estilo
de gravação e execução ao vivo
com uso de equipamentos rudimentares- norte-americano,
Callahan se apresenta pela primeira vez no Brasil hoje, pelo
projeto Folk-se, no Studio SP.
O repertório do show se baseia no seu álbum mais recente,
"Woke on a Whaleheart"
(2007), mas deve contar com
canções dos 20 anos de carreira
do músico -um trabalho constante, embalado pelo experimentalismo.
"Tenho desejo de fazer [música]. Como o desejo do sexo, da
comida. É realmente natural
para mim, não penso muito sobre isso. Está na minha cabeça
quando acordo", disse à Folha.
Callahan começou a carreira
usando equipamentos obsoletos para gravar suas músicas
em fitas cassete. Não era muito
chegado a estúdios e produtores, até topar com o selo Drag
City, com o qual lançou todos
os seus discos, exceto o primeiro, "Sewn to the Sky", de 1990.
Já fez parcerias com Jim
O'Rourke, músico e produtor
da cena experimental de Chicago, que trabalhou com o Sonic Youth, e também com John
McEntire, do Tortoise.
Descrito como uma das mais
importantes figuras do indie
rock dos anos 90, o músico relativiza sua importância: "Não
acho que eu tenha nenhuma
honra dentro da indústria. Estou no centro do que faço.
Quando me concentro para fazer uma música, sinto como se
fosse a primeira, a décima ou a
quadragésima vez. O lugar e a
sensação nunca mudam".
Tom Zé e Caetano
Influenciado por nomes tão
díspares quanto Jandek -músico ultraexperimental que já
gravou mais de 50 álbuns, mas
faz raríssimas aparições- e o
rapper Lil Wayne, Callahan
também gosta de música brasileira: Tom Zé e Caetano Veloso
são os preferidos.
Callahan usava o nome Smog
(um tipo de poluição urbana)
até o penúltimo disco. Passou a
adotar o nome real em seu trabalho mais recente. "Foi um
período da vida. Eu costumava
viajar usando esse nome, mas
depois de um tempo percebi
que o tinha deixado para lá."
Sobre a expectativa para o
show de hoje, ele faz uma metáfora inspiradora. "Tocar ao vivo
é como um sonho. Não existe
nada antes ou depois. Você vai
para um lugar onde as pessoas
estão e toca, então acaba, e as
pessoas vão embora. Mas você
tem a memória disso, como
tem de um sonho. As pessoas
vão embora com suas próprias
nuvens de memória daquele
sonho. Para algumas pessoas, é
como um sonho bom, para outras, é um pesadelo."
BILL CALLAHAN
Quando: hoje, às 22h
Onde: Studio SP (r. Augusta, 591, tel.
3129-7040)
Quanto: R$ 35
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 18 anos
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