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Cultura anuncia para 12 de dezembro a estréia da TV Rá-Tim-Bum, restrita à televisão fechada
Ilha da fantasia
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um canal de TV 24 horas com
programação infantil de qualidade, teledramaturgia e desenhos
brasileiros, programas educativos, dicas para pais e educadores.
Após quase uma década ancorada em reprises e mais reprises, a
TV Cultura promete emergir da
crise e lançar a TV Rá-Tim-Bum
em 12 de dezembro, Dia Internacional da Criança. Importante
aposta numa televisão carente de
boas opções infantis, o canal será
fechado, restrito a, no máximo,
cerca de 10% da população brasileira com acesso à TV paga.
Levará ao ar programas inéditos
antes mesmo da rede aberta e é
uma das prioridades na nova gestão da Cultura, que assumiu no
mês de junho. Mantida majoritariamente com verbas públicas, a
emissora afirma não ver paradoxo no projeto, cujo sustento virá
de anunciantes, segundo o diretor
de marketing, Cícero Feltrin.
Ele diz que os recursos gerados
com a TV Rá-Tim-Bum poderão
fomentar a programação infantil
da Cultura, há um bom tempo
preenchida basicamente por repetições e desenhos importados.
"É óbvio que não estamos fazendo um movimento de deixar
89% da população vendo reprise e
privilegiar os 11% que têm TV paga. São dois projetos diferentes, e
os inéditos também passam na
emissora aberta. Alguns programas serão feitos exclusivamente
para a Cultura", declara Feltrin.
A estratégia é aproveitar a força
da marca que começou com o
programa "Rá-Tim-Bum" (1990)
e migrou para o "Castelo" e a
"Ilha", na TV e no cinema. Fechado, o canal tem a possibilidade de
ser totalmente voltado a crianças,
o que não seria viável na aberta.
Com isso, poderá atrair a publicidade que busca a TV paga e atualmente se divide entre meia dúzia
de importados, como Cartoon,
Nickelodeon e Discovery Kids.
A Estrela foi a primeira a apostar na idéia e já assinou contrato
de patrocínio, cujo valor a Cultura
não revela. De acordo com o diretor de marketing, outras quatro
empresas deverão aderir.
A fase atual é de definir quais
operadoras oferecerão o canal a
seus assinantes. A Cultura reuniu-se na semana passada com a
NeoTV (associação de TVs a cabo
que inclui a TVA) e recebeu OK
para negociar com as 51 afiliadas.
Net, Sky e DirecTV demonstraram interessem e têm encontros
nos próximos dias. O plano é incluir a TV Rá-Tim-Bum nos pacotes mais básicos -e baratos.
Toda a programação será ancorada pelos bonecos Rá, Tim e
Bum -um tatu, um pássaro e
uma preguiça, respectivamente
(com nomes diferentes, as figuras
fizeram parte da série "Ilha Rá-Tim-Bum"). Eles servirão para
orientar os telespectadores, reforçar a grife da TV e dar uma cara
nova ao material de acervo.
Nos primeiros meses, pelo menos, as manhãs e tardes vão ser
preenchidas com arquivo "repaginado", segundo Feltrin. Ele diz
que vídeos antigos passarão por
um tratamento a fim de ganhar
qualidade de película (imagem de
cinema). Além disso, poderão ser
reeditados. O plano é garimpar
reportagens ou quadros feitos para diferentes programas, em épocas distintas, e criar, por exemplo,
telejornais "seminovos".
As madrugadas também serão
de reprises, nesse caso, com rótulo de "maratona". Serão seguidos
episódios de teledramaturgia já
fora de produção, como "Castelo", "Ilha" e "Mundo da Lua".
Nos períodos matutino e vespertino, a idade do público-alvo
aumenta conforme a hora. Quanto mais tarde, mais velha a criança
a ser atingida. Das 18h às 22h, horário nobre, vão ao ar os inéditos.
Com recursos ainda escassos para
projetos mais ambiciosos (como
um herdeiro do "Castelo"), a nova TV tem confirmado só um pacote de episódios do "Cocoricó"
(programa de bonecos premiado
internacionalmente), a ser gravado a partir da próxima semana.
Exceto na faixa para pais e professores (após as 22h), não haverá
adultos no ar. "Queremos criança
falando para criança", diz Feltrin.
A TV Rá-Tim-Bum poderá exibir programas de outras emissoras públicas e educativas do país.
A animação também será um
dos principais focos, e um desenho do "Castelo" está nos planos.
Não à toa. Além de ter a produção
barateada pelo avanço da tecnologia, o cartum é fenômeno mundial de audiência. No SBT, por
exemplo, as "Meninas Superpoderosas" deixam para trás no Ibope a Globo e seu programa da Xuxa, a ex-superpoderosa da TV.
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