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TV PAGA
Canal norte-americano, transmitido há dez anos para a América Latina, cria fundo especial para pesquisas
Discovery Channel procura ciência e entretenimento
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Discovery Channel, canal de
televisão paga que é o maior produtor e comprador de documentários do mundo, está redefinindo
o gênero, quase 20 anos depois de
fundado nos EUA (e comemorando agora dez anos de transmissão à América Latina).
Um documentário hoje é um
misto de informação com entretenimento, de imagens naturais
com animação computadorizada,
e até recriação de época em filmagens que nada deixam a dever a
Hollywood. É a influência do cinema que redefiniu o gênero.
Basta ver um documentário recente, "Dino Planet". "Dez anos
atrás o programa mostraria um
paleontólogo pegando ossos.
Agora, mostramos não só como
os dinossauros se movem, mas
suas reações", diz Guillermo Sierra, vice-presidente de programação da Discovery Networks para a
América Latina e Ibéria.
Outro exemplo do novo modelo
de documentário foi "Nefertiti
Revelada", que teve recriações cinematográficas do Egito antigo. O
documentário mostrava o trabalho de uma arqueóloga britânica,
Joann Fletcher, tentando provar
que havia encontrado a múmia da
rainha egípcia.
"Nefertiti" foi um passo além do
documentário tradicional, pois
não se tratou apenas de mostrar
uma pesquisa, mas de financiá-la.
O canal criou um fundo para financiar trabalhos de cientistas, o
Discovery Quest. Entre as pesquisas já financiadas está um programa de treinamento de tigres cativos para viverem na natureza e
uma nova exploração do Titanic.
Segundo Sierra, o Discovery
tem três níveis de envolvimento
em relação a documentários. Pode-se fazer a compra pura e simples, e uma das principais fontes é
a rede de TV britânica BBC.
Pode ser feita uma co-produção, mas com o canal mantendo
controle sobre o conteúdo editorial. "Nós cruzamos as referências
com os especialistas. Se uma teoria não é muito aceita, ouvimos os
dois lados", afirma. E a terceira
opção é fazer a produção 100%
pelo canal. É o caso em geral das
maiores produções, três ou quatro feitas anualmente. "Nefertiti"
levou dois anos para ser feita e
custou cerca de US$ 2,5 milhões.
Seja para financiar pesquisa ou
para fazer ou comprar um documentário, o Discovery busca tópicos de interesse universal, mas
com apelo local. Aprendeu a duras penas -por exemplo, com a
pouca aceitação do português
brasileiro em programas exibidos
em Portugal- que uma opção
importante é "customizar" o documentário para cada região.
Um requisito essencial para um
documentário é um tema que
possa ser mostrado em outras
parte do mundo, segundo Enrique Martínez, vice-presidente
executivo e diretor-geral da Discovery Communications Latin
America/Iberia. "Entre 40% e
45% das produções são aquisições. Não temos estúdio; o mundo é o estúdio", diz.
O jornalista Ricardo Bonalume Neto
viajou a Miami a convite de Discovery
Networks Latin America/Iberia.
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