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O maestro russo Vladimir Ashkenazy rege a Orquestra Jovem da União Européia em três apresentações em SP
Ode à união
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O maestro e pianista Vladimir
Ashkenazy, 66, chega neste mês a
São Paulo como regente e solista
da Orquestra Jovem da União Européia. Ele é uma das grandes
unanimidades mundiais entre os
intérpretes de música erudita.
Russo naturalizado islandês, será a quarta vez em dez anos que se
apresenta por aqui. O primeiro
concerto será no dia 18, domingo,
às 19h, na Sala São Paulo, com
renda revertida para a CIP (Congregação Israelita Paulista).
Segundo o rabino Henry Sobel,
presidente do Rabinato da CIP,
"ter Ashkenazy junto à Orquestra
Juvenil da União Européia em um
concerto em prol das obras sociais da CIP constitui uma verdadeira ode à união entre os povos".
Na quarta-feira, dia 21, Ashkenazy estará com a orquestra às 11h
no parque Ibirapuera. E no dia seguinte, quinta-feira, dia 22, apresenta-se às 21h no Municipal.
A orquestra, com músicos de 17
a 24 anos, foi criada em 1976 e se
tornou bem mais que um laboratório para a formação de bons instrumentistas. É um conjunto de
padrão técnico invejável. Ela esteve em São Paulo em 1996, também sob a regência de Ashkenazy.
O maestro e pianista será o solista do "Concerto para Piano e
Orquestra nš 3", de Ludwig van
Beethoven. Nos programas, também obras de Wolfgang Amadeus
Mozart, Piotr Tchaikovski, Bedrich Smetana e Antonín Dvorak.
Leia trechos da entrevista de
Ashkenazy à Folha.
Folha - Para quem já regeu as
grandes orquestras mundiais, qual
é o diferencial em trabalhar com
uma orquestra jovem?
Vladimir Ashkenazy - É uma orquestra que acrescenta bastante à
minha experiência de músico. Ela
possui um frescor e uma espontaneidade incríveis. Tenho sempre
a certeza de que todos eles darão o
melhor de si mesmos.
Folha - Uma de suas constantes
tem sido defender e divulgar a
obra de Dmitri Chostakovich. Qual
a razão que o levou a excluí-lo do
programa da turnê ao Brasil?
Ashkenazy - As negociações em
torno do repertório são sempre
um pouco confusas. Normalmente as entidades que nos convidam
exprimem preferências que procuramos satisfazer. A turnê que
faremos nos foi proposta de surpresa. Soubemos que ela se realizaria há apenas alguns meses. A
direção da orquestra se dispôs então a acomodar o programa com
que viajaríamos aos desejos de
nossos anfitriões.
Folha - Há nos catálogos das gravadoras 98 CDs seus. Quais os compositores que lhe são inéditos e
que gostaria de gravar?
Ashkenazy - Em verdade minhas
gravações estão em torno de 200,
o que a meu ver não é tanto assim.
Creio que gravarei ainda bem
mais. Um dos exemplos do que
pretendo gravar: sinto-me muito
próximo dos poloneses, mesmo
porque fui um dos concorrentes
do Concurso Chopin, em 1955.
Meus amigos pediram-me para
gravar peças para piano de
Szymanowski [Karol Szymanowski (1882-1937)], o que pretendo em breve fazer. Ainda há algumas semanas gravei Ottorino
Respighi -"Fontane di Roma" e
"Pini di Roma".
Folha - Qual orquestra o sr. regeu
nessa gravação?
Ashkenazy - A Filarmônica da
Rádio da Holanda.
Folha - Ainda sobre orquestras,
em seis meses o sr. estará assumindo a direção musical da Sinfônica
NHK, de Tóquio. Qual a particularidade de uma orquestra do Oriente?
Ashkenazy - Todos os países têm
seus diferenciais. No caso do Japão eles ingressaram na música
erudita ocidental há pouco tempo. O espantoso é que em poucas
décadas esse repertório já se tornava para eles "natural". Foi uma
incorporação cultural muito
bem-sucedida. Quanto à NHK,
ela já passou pelas mãos de excelentes maestros. Foi o caso de
Wolfgang Sawallisch [até recentemente o diretor da Orquestra de
Filadélfia], que deu a ela uma capacitação espantosa na interpretação do repertório alemão.
Folha - Por que o sr. ainda não regeu ou gravou ópera?
Ashkenazy - Por falta de tempo.
Ópera é algo que exige uma preparação demorada e sessões de
gravação mais demoradas ainda.
Ser pianista e maestro já consome
todas as minhas energias. Também nunca acreditei que a ópera
fosse uma de minhas prioridades.
Folha - Se pedissem, o sr. faria?
Ashkenazy - Em verdade eu regerei na próxima temporada, no
Japão, uma versão de concerto de
"As Valquírias", de Wagner. É
uma música belíssima. E será minha primeira experiência.
Folha - Quando o sr. está sozinho
em casa, que tipo de música escolhe na sua estante de CDs?
Ashkenazy - Milhares de coisas
diferentes. É impossível responder de forma concisa.
VLADIMIR ASHKENAZY E A
ORQUESTRA JOVEM DA UNIÃO
EUROPÉIA.
Quando e onde: dia 18, às 19h, na Sala
São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš,
Campos Elíseos, tel. 3337-5414); dia 21,
às 11h, no parque Ibirapuera; dia 22, às
21h, no Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo, s/nš, São Paulo, tel. 222-8698).
Ingressos: na Sala São Paulo, de R$ 50 a
R$ 450; no Municipal, de R$ 50 a R$ 250;
grátis no Ibirapuera. Patrocinadores:
Varig, Daimler Chrysler, Sara Lee (Café do
Ponto), Telefônica e Unilever.
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