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"Escritores têm que sair da toca"
DOS ENVIADOS A PARATI
Muitos espectadores e muitíssimos convidados superlotaram a
Tenda dos Autores para ver, na
noite de sábado, Chico Buarque e
Paul Auster. Com dezenas de pessoas ocupando as escadas, o diretor artístico da Flip, Flávio Pinheiro, abriu a sessão pedindo calma.
Quando os dois começaram a ler
seus textos, não foi mais preciso
pedir. O público ficou atento ao
"jogo de pingue-pongue" (definição de Auster) entre os dois.
Auster leu os primeiros capítulos de "Budapeste", de Chico, e do
seu "Noite do Oráculo". Chico leu
outros capítulos. A troca de bolas
ficou mais animada quando eles
começaram a responder às perguntas do público e dos mediadores (o escritor Milton Hatoum e a
presidente da Flip, Liz Calder).
Chico afirmou que costuma, ao
ler entrevistas de escritores, pensar: "Que gente esquisita!". "Todos dizem que seus escritores preferidos são Kafka, Flaubert e Dostoiévski. Aí um diz: "Não leio
meus contemporâneos". Se ele
não lê, quem vai ler?", disse, defendendo que os pares sejam menos solitários. "É bom que escritores saiam da toca, brinquem, joguem bola, bebam no botequim."
Instado por uma pergunta, Chico também criticou a crítica. "O
que existe no Brasil é a crítica dos
jornais, que é de péssima qualidade. E isso vale para música, literatura, todas as artes", disse. E, ao
falar sobre como acompanha as
traduções de seus livros em inglês,
francês, italiano e espanhol, foi
modesto e sarcástico: "Eu falo mal
essas línguas, quase tão mal quanto Fernando Henrique Cardoso".
Ao final, nova tensão do lado de
fora. Pessoas ficaram até duas horas e meia numa fila em busca de
um autógrafo de Chico, mas só
113 foram contemplados com senhas, o que gerou empurrões. "É
o encontro da minha vida", festejou a aposentada Albeni Dreux,
uma das felizardas.
(LFV e CEM)
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