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EXPOSIÇÃO
"Fashion Passion" leva à Oca 156 criações de 26 estilistas estrangeiros
Mostra vasculha moda de rua à alta-costura do século 20
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos modelos mais fascinantes
do século 20 às combinações modestas das "popozudas", a exposição "Fashion Passion - 100 Anos
de Moda na Oca" tem um objetivo bastante ambicioso: "É o desfile do século 20", diz o francês
Jean-Louis Froment, um dos cinco curadores da exposição.
Ao lado de estilistas que marcaram a moda no último século, do
francês Paul Poiret ao belga Martin Margiela, Froment afirma que
se trata do desfile do século pois,
entre as 156 criações de 26 estilistas estrangeiros, está "o contraste
entre a moda e o seu contrário". O
tal contrário ficou a cargo das curadoras brasileiras na exposição,
Gloria Kalil e Regina Guerreiro.
"À tradicional cultura de moda
européia respondemos com a
nossa vigorosa arte popular; à
roupa exclusiva, saída dos inigualáveis ateliês de alta-costura, respondemos com a roupa vestida,
aquela que usa o corpo como suporte vital e as ruas como passarela", afirma Gloria Kalil no catálogo da mostra.
Entretanto não é só das ruas que
vem o que os curadores chamam
de "resposta brasileira": artistas
plásticos também foram chamados, quando utilizaram o corpo
como suporte. Claro, nesse quesito, não podiam faltar os Parangolés, de Hélio Oiticica, ou mesmo o
traje "New Look", de Flávio de
Carvalho.
Segundo Froment, que criou e
durante 20 anos dirigiu o Centro
de Arte Contemporânea em Bordeaux, na França, a idéia da exposição partiu de Edemar Cid Ferreira, presidente da BrasilConnects. "Foi ele quem me pediu para organizar a mostra. O conteúdo é histórico, em formato cronológico, mas é um ponto de partida
subjetivo, no qual apresentamos
os estilistas que consideramos a
vanguarda no século 20", afirma
Froment. De fora, ficou toda a
produção norte-americana, como
Calvin Klein. "A grande participação dele na moda foi produzir
cuecas", ironiza Froment.
Por outro lado, os curadores
evitam também discursos nacionalistas. "Moda é uma linguagem
universal, todos nós temos que
nos vestir de alguma forma e o
que apresentamos aqui são aqueles que provocaram as fases revolucionárias da moda", diz Pamela
Golbin, outra das curadoras da
mostra.
Glamour
"Fashion Passion", orçada em
cerca de R$ 6 milhões, está montada em dez pavilhões, amebóides
gigantes criados por Daniela Thomas e Felipe Tassara e que preservam a arquitetura orgânica de Oscar Niemeyer, pois há cor apenas
dentro dos pavilhões. A entrada
para a mostra é por uma escada
arredondada, que desce para o
subsolo da Oca, uma passarela
com luzes, o que faz sobrar glamour também para os visitantes.
A exposição conta com quatro
seções distintas: em cada pavilhão
há criações, com peças originais, e
fotografias de moda, escolhidas
pelo time francês, mais a resposta
brasileira e, na saída de cada espaço, um modelo usado por alguma
celebridade, como um Jean-Paul
Gaultier, usado por Madonna,
que pessoalmente emprestou a
roupa, ou um Christian Dior, usado por Evita Perón.
"Esse vestido, segundo o documento que recebemos, demandou 500 horas de bordado à mão.
É um dos hits da exposição. Pedimos para apresentar essas roupas
para aumentar a curiosidade do
público com a mostra", afirma
Emilio Kalil, presidente-executivo da BrasilConnects. Entre as celebridades, estão ainda Lady Di
por Catherine Walker, Marilyn
Monroe por Emilio Pucci e Marlene Dietrich por Cristobal Balenciaga.
Finalmente, no segundo piso,
com biquínis, maiôs e vestidos, as
curadoras brasileiras traçam um
panorama da produção contemporânea brasileira na moda. Entre
os estilistas selecionados estão
Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço e Karlla Girotto. "Essa é a apoteose da moda brasileira", disse Kalil.
"O mais importante na exposição é seduzir. Como diz no nome,
falamos de uma paixão. Por isso,
apelamos aos sentidos e não apenas à razão", conta Golbin, também curadora do Museu da Moda
e do Têxtil, em Paris. No caso, o
apelo é essencialmente através da
moda feminina, já que há apenas
um modelo criado para homens
na mostra. "A presença da moda
masculina é muito recente, assim
como os cosméticos. Mas, não há
dúvida, essa é uma questão do futuro da moda", diz Froment.
Falando em futuro, o curador
não poupa elogios ao Brasil. "Este
país é, além de potência econômica, uma potência criativa. Aqui se
faz roupa para o corpo, e não roupa pela roupa, como ocorre na
Europa. Isso é o futuro." Quem
diria, as "popozudas" viraram celebridades internacionais ao lado
de Madonna e Lady Di.
FASHION PASSION - 100 ANOS DE
MODA NA OCA. Mostra que apresenta
156 criações de 26 estilistas estrangeiros,
além de peças brasileiras. Curadoria:
Jean-Louis Froment, Florence Müller,
Pamela Golbin, Regina Guerreiro e Gloria
Kalil. Quando: abertura dia 14, às 19h30
(para convidados); de ter. a sex., das 9h
às 20h, sáb. e dom., das 9h às 20h; até 5/
12. Onde: Oca (parque Ibirapuera, São
Paulo, portão 3, tel. 0/xx/11/5549-0449).
Quanto: R$ 10. Patrocinadores:
Riachuelo, Gol, Chevrolet e American
Express.
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