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ARQUITETURA
Pavilhão do país é representado no evento, que tem início hoje, por 24 projetos sobre o tema da mudança
Brasil mostra sua metamorfose na Bienal de Veneza
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
O pavilhão brasileiro da Bienal
de Arquitetura de Veneza deste
ano será inaugurado hoje sem a
controvérsia que marcou a presença do país na última edição do
evento, quando a exibição de imagens de favelas gerou críticas internas sobre como o Brasil seria
visto pelos visitantes.
Sete escritórios e um total de 24
projetos ocuparão o espaço brasileiro em Veneza. O conjunto foi
escolhido para adaptar a contornos brasileiros o tema central desta edição da Bienal, "Metamorfoses". O mote diz respeito à idéia
da relação entre a arquitetura e as
mudanças na sociedade.
De acordo com um dos curadores do pavilhão brasileiro, Jacopo
Crivelli Visconti, diante da abrangência deste eixo, investiu-se em
três leituras: a cronológica, a conceitual e a da metamorfose propriamente dita, exemplificada em
projetos de revitalização.
Para a primeira, que registra
transformações na arquitetura
brasileira nos últimos 50 anos,
Visconti afirma que foi selecionado um conjunto de projetos do escritório Aflalo e Gasperini, fundado há mais de 40 anos e responsável pelo desenho do prédio do
Tribunal de Contas de São Paulo
(1971), da casa de shows Credicard Hall (1998) e da reurbanização da área do complexo penitenciário do Carandiru (1999-2004).
A leitura conceitual é representada pelo trabalho do arquiteto
mineiro Carlos M. Teixeira, cuja
série "Amnésias Topográficas" lida com o conceito de palafitas em
prédios de um bairro montanhoso de Belo Horizonte.
Projetos como os do Espaço
Cultural dos Correios e do edifício
São Vito, ambos em São Paulo, serão mostrados como idéias para a
recuperação de construções e entornos que se encontravam degradados.
Fora do pavilhão, porém, a Bienal de Veneza não verá trabalhos
de arquitetos brasileiros e só terá
do país o projeto da Cidade da
Música no Rio de Janeiro, concebido pelo francês Christian de
Portzamparc. Visconti diz que a
Bienal deste ano se orientou por
uma direção tecnológica, em que
são apresentadas propostas que
fazem uso de recursos de computação gráfica e programas originalmente empregados por áreas
como a aeronáutica. Vertentes,
afirma o curador, distantes do
que atualmente é feito no Brasil.
Mitologia e ciência
A Bienal de Veneza terá em sua
nona edição cerca de 200 projetos
realizados por 140 escritórios de
arquitetura de mais de 40 países.
A direção do evento neste ano é
do suíço Kurt W. Forster, que afirmou ao jornal espanhol "El País"
que o conceito de metamorfoses
está baseado em duas raízes, a mitológica e a científica, esta última
relacionada à criação e emprego
de novas substâncias e às variações dos materiais de construção.
Dois módulos principais compõem o evento: a Corderie, reservada para trabalhos que transformaram a arquitetura a partir dos
anos 70 até as mais recentes tendências, e o pavilhão italiano, que
mostra como a arquitetura teve
de se modificar para acompanhar
o desenvolvimento da sociedade.
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