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ARTES
Coleção de 1.515 obras será disposta de acordo com a decoração original do espaço; fundação estuda novo pavilhão
Casa de Ema Klabin será museu em 2005
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Extremo bom gosto e dinheiro
para pô-lo em ação ou compulsão? A questão, apesar de não ter a
mínima importância diante da
história e do valor de cada peça da
coleção de Ema Gordon Klabin,
herdeira do império de celulose
Klabin, Irmãos e Cia., não sai da
cabeça de quem visita sua casa
-uma mansão de arquitetura visivelmente atemporal, repleta de
telas, esculturas e objetos de arte
decorativa em cada recanto.
Os interessados em conhecer
(ou rever) as peças em seu "habitat natural" poderão percorrer cada cômodo e ver de perto a mesma decoração do tempo em que
sua proprietária vivia na casa número 43 da rua Portugal, no Jardim Europa, em São Paulo. É o
endereço do novo museu Fundação Cultural Ema Gordon Klabin,
cuja abertura está prevista para o
início de 2005.
No lar de Ema, peças exóticas de
arte africana e pré-colombiana dividem o espaço com obras das civilizações gregas, etruscas e orientais, com os grandes mestres europeus e com os brasileiros das
primeiras gerações modernas, de
Portinari a Brecheret. Isso sem falar em todas as peças de arte decorativa que "inundam" a casa. No
total, são 1.515 peças -das quais
cerca de 200 foram exibidas na Pinacoteca do Estado, de março a
maio deste ano, na exposição
"Universos Sensíveis".
Para evitar que qualquer obra
sofra danos, as visitas ocorrerão
duas vezes por semana e serão
monitoradas e organizadas em
grupos de, no máximo, 12 pessoas. "Nós teremos um cuidado
especial com o público. Quando
as pessoas vêem uma cadeira, vão
logo sentando, sem levar em conta que é uma peça do século 18",
explica o curador Paulo Costa.
A idéia de fazer da casa de Ema
Gordon Klabin um museu veio
dela própria. Em 1978, solteira e
sem filhos, Ema criou uma fundação para que sua coleção recebesse os devidos cuidados e atenção
depois de sua morte. Os trabalhos de catalogação começaram
em 1997 e, desde julho, a casa
passa por reformas.
A construção de 900 m2 -divididos em um hall de entrada,
uma galeria, uma sala de estar,
uma sala de jantar, uma sala de
música, uma biblioteca e duas
suites- fica localizada em um
terreno de 4.000 m2, dos quais
boa parte é ocupada por jardins.
Costa destaca que o espaço oferece ao visitante uma idéia de representação de uma classe social
e época -denunciadas pelos banheiros da casa, principalmente
pelo utilizado por Ema, que é dividido em sub-salas para cada
função do cômodo.
A grande novidade da casa Klabin, ainda em estudo, é a construção de um pavilhão com ares
de estufa projetado por Pedro
Mendes da Rocha, com espaço
para eventos e uma sala de exposições temporárias nos fundos
do terreno. Para isso, Costa começou a captar recursos.
Público e privado
A abertura do museu Klabin
reforça os exemplos de transição
de acervos privados para o conhecimento público. Além dela,
outra coleção famosa no Estado,
a Nemirovsky, está exposta por
meio de um acordo de comodato
de cinco anos entre a Fundação
José e Paulina Nemirovsky e a Pinacoteca do Estado. Durante o
período, obras da coleção podem
ser exibidas em novas mostras.
"Mestres do Modernismo", que
expõe parte da coleção, está em
cartaz até junho de 2005.
O diretor da Pinacoteca, Marcelo Araujo, afirma que a prática
não é recente e que novos acordos já estão em estudo.
No MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio, o regime de empréstimo foi a saída para compor
um acervo depois que o original
foi destruído por um incêndio
em 1978. Cerca de 3.500 obras do
acervo atual pertencem à coleção
de Gilberto Chateaubriand.
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