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CDS
ROCK
Com as mesmas influências do Franz Ferdinand, banda londrina lança no Brasil o primeiro álbum, "Silent Alarm"
Bloc Party leva ruídos às pistas de dança
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Lá para o final do ano, quando
as revistas, jornais e sites fecharem suas listas e um "quem aconteceu" neste 2005, pode apostar:
Kele Okereke estará em todas.
Porque, figura das mais singulares do rock, Okereke é vocalista,
letrista, líder e a cara do Bloc
Party, banda que está para 2005 o
que o Franz Ferdinand foi para
2004; ou seja, é o nome da hora.
"Vocês se tornarão nossos inimigos", profetizou Bernard Sumner, do New Order, sobre a banda
"rival", formada há apenas dois
anos em Londres, com três singles
embaixo do braço e um disco, "Silent Alarm", nas lojas. "Silent
Alarm", que chega agora ao Brasil, vendeu mais de 100 mil cópias
no Reino Unido na sua semana de
lançamento, em março.
A brincadeira do líder do New
Order faz sentido: o Bloc Party faz
parte de uma recente leva de bandas britânicas (Franz Ferdinand,
Futureheads, Sons and Daughters, The Duke Spirit) cujo rock é
bem recomendado tanto para pular num show como para dançar
numa pista de clube.
Muitas desses nomes têm como
referências grupos dos anos 80,
como Cure, Killing Joke, Talking
Heads, PiL e Joy Division, mas o
que faz o Bloc Party caminhar sozinho é Kele Okereke.
Aos 23 anos, nascido em Liverpool e de pais de ascendência nigeriana, Okereke leva certo caráter político e social para a dançante música de sua banda. Diferentemente dos dilemas pós-adolescentes encontrados nas letras de
Franz Ferdinand, por exemplo, o
Bloc Party fala sobre o desespero
de se sentir como se estivesse "bebendo veneno e comendo vidro"
("Like Eating Glass", faixa que
abre o disco). Na seguinte, a pegajosa "Helicopter", a mira muda:
"Para de ser tão americano/ Há
hora e local [para isso]". Já "Price
of Gas" mete a boca no... preço da
gasolina.
E isso sem falar na voz, confortável tanto em gritos como em vibrantes falsetes. E é sintomático o
número de gente que se ofereceu
para retrabalhar as canções do
Bloc Party: desde o experimental
Four Tet aos misteriosos M83 e
Mogwai, passando pelos DJs Erol
Alkan e Headman, o rock do
quarteto londrino não é apenas
"rock"; carrega elementos dançantes da new wave e pontuais do
britpop -"She's Hearing Voices"
ficaria muito bem em "Parklife",
o melhor disco do Blur.
"Silent Alarm" não chega a ser
um "Is This It" (Strokes) ou um
"Franz Ferdinand"; não porque
não tenha músicas para isso, mas
porque tenha músicas demais. O
álbum traz 14 canções e não deixa
escapar a sensação de que "This
Modern Love" e "Little
Thoughts" estão ali apenas cobrindo espaços.
Mas, no final, são duas faixas
que se sobrepõem ao todo. "Banquet", de pegada disco, é a mais
imediata canção do álbum; "So
Here We Are", quase como um
Sonic Youth minimalista, emociona, e Okereke entrega: "Tentei
fazer o que você queria/ mas tudo
deu errado de novo/ Fiz uma promessa, de te carregar para casa/ Se
você caísse doente, se você desmaiasse".
Dá para entender por que, com
seus dois anos de vida, o Bloc
Party é das bandas que têm agenda cheia até o final do ano.
Silent Alarm
Artista: Bloc Party
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 35, em média
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