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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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Anjos e demônios da animação "Yu-Gi-Oh!" duelam com opinião pública

Entre o bem e o mal

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Yu-Gi-Oh!" Expressão corrente na boca da garotada, o nome do desenho animado/jogo de "cards" japonês invadiu salas de jantar do país na semana passada quando Gilberto Barros, em seu programa na TV Bandeirantes, cravou: "Isso é coisa do demônio!".
Em parte, sim. "O folclore japonês está cheio de entidades para as quais o Ocidente não soube dar um nome e que acabaram virando "demônios". Demônios do bem e demônios do mal", afirma Douglas Quintas Reis, 49, proprietário da livraria Devir, um dos templos em SP para a molecada que joga "cards" -espécie de Supertrunfo misturado com jogo de xadrez.
Surgido de uma história em quadrinhos japonesa de 1996, "Yu-Gi-Oh!" -o desenho, os cards, os videogames- é mais um exemplo do faro da indústria de entretenimento infanto-juvenil do Japão que vem inundando o mundo de pokémons, digimons e outros monstrinhos colecionáveis nos últimos anos.
"Os estúdios japoneses produzem de 50 a 60 séries novas por ano. A cada três ou quatro anos, a gente sempre vai ver algum produto que emplaque", comenta Flávio Rocha, 43, diretor do programa "TV Globinho", que exibe desde o início do ano a primeira temporada do desenho nas manhãs da Globo.
Em cartaz também no canal pago Nickelodeon, onde já está na segunda temporada, "Yu-Gi-Oh!" conta a história de um garoto que... joga "cards". Os mesmos "cards" que podem ser encontrados no mercado, com preços que vão de R$ 60 a R$ 1.000. "É uma fórmula de apelo. As crianças não só assistem ao desenho, mas interagem com ele, colecionam as fichas dos personagens etc.", diz Pablo Miyazawa, 25, editor da revista "Herói".
Estratégia diabólica? Desde os primeiros sinais da nova febre no país, a pirataria entrou em ação e começaram a aparecer clones dos "cards" originais a R$ 0,20, com textos em português e um festival de erros de interpretação. "A tradução foi muito malfeita. Não que no original apareça menos a palavra "demônio", mas não dá para fazer um jogo em que todos são do bem ou todos são do mal", afirma o proprietário da Devir, que está em negociações para publicar os "cards" oficiais.
"A história tem também anjos, guerreiros, fadas, paladinos, deuses egípcios, deuses europeus, deuses orientais. É uma verdadeira aula de mitologia mundial", defende o organizador de torneios de "cards" Luciano Santos, 25 anos.


YU-GI-OH!. Quando: de seg. a sex., às 10h30; e sáb., às 8h, na Globo; de seg. a qua., às 19h; sáb. e dom., às 11h30 e às 21h30, no Nickelodeon.


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