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COMENTÁRIO
Livro rompe preconceitos sedimentados
GUILHERME WERNECK
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA
Uma dose cavalar de desinformação e preconceito
tende a atropelar o debate sério a
respeito do efeito da violência na
cultura pop sobre o comportamento de crianças e jovens.
Nesse sentido, "Brincando de
Matar Monstros", de Gerard Jones, opera de forma eficiente no
combate a preconceitos construídos ao longo do século passado, que se cristalizaram na medida em que filmes, programas de
televisão, videogames e músicas
se tornaram mais fortes e sanguinolentos.
A grande diferença de Jones
em relação aos pesquisadores
que vêem um nexo nocivo no
consumo de violência e o identifica como causa da agressividade
em jovens e crianças é a sua
abordagem. Em vez de buscar
causas e efeitos da exposição a
programas de TV violentos ou a
músicas agressivas -que não se
sustentam num exame minucioso e racional-, Jones centrou
seus esforços em descobrir o que
atrai as crianças para o consumo
de entretenimento violento.
Ouvindo educadores, psicólogos, pais e, principalmente,
crianças e jovens, Jones conseguiu reunir provas suficientes de
que o entretenimento violento
ajuda as crianças a se fortalecerem, além de servir para que elas
canalizem e aprendam a controlar sua agressividade.
O que embaralha a visão dos
pais e de muitos pesquisadores é
que, da maneira que estamos expostos à violência cotidiana, tentar minimizar a exposição a conteúdos agressivos torna-se quase
um dever cívico.
Acontece que, no final, quem
acaba confundindo realidade e
fantasia somos nós, não as crianças que brincam de atirar ou os
jovens que matam monstros e
bandidos no computador.
BRINCANDO DE MATAR MONSTROS.
Autor: Gerard Jones. Editora: Conrad.
Quanto: R$ 35 (298 páginas).
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