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Realidade abarca vida mais ampla
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Se a pesquisa Ipsos pode levar a
conclusões um tanto desoladoras
-sugerindo que, no Brasil, a TV
domina as crianças-, na prática,
o ambiente não é tão rígido assim.
Diversidade é o que mais chama a
atenção entre crianças e adolescentes entrevistados pela Folha.
Este é o caso de Carolina Kokado, 8, que vai na contramão da
pesquisa. Ela gasta, no máximo,
duas horas por dia na frente da
TV, vendo geralmente desenhos.
"Acho chato ficar parada", diz. Já
que seu negócio é agilidade, ela
não pára. Entre suas atividades
prediletas estão brincar de esconde-esconde com amigos do prédio e esportes -aikidô e hóquei.
"Ela desliga a TV por vontade
própria. Acho importante que ela
tenha contato com outras crianças. Isso faz com que aprenda noções de limites e negociações", diz
o fisioterapeuta Arlindo Raimundo de Oliveira, 47, pai de Carolina.
Carolina também faz uma atividade raríssima segundo a pesquisa. Ela lê livros indicados pela escola. "Às vezes, gosto tanto que
leio duas vezes o mesmo livro."
Já Renata Mendonça, 10, faz da
TV uma parceira inseparável. Ela
diz que fica de três a quatro horas
por dia vendo novelas e séries.
"Minha mãe até reclama que assisto demais, mas acho besteira."
Seu pai, o médico Maurício
Mendonça, 45, diz que o hábito é
saudável, "dentro de um contexto". "Desde que a criança não deixe de estudar, ver os amigos e fazer esportes, não vejo problemas", diz. "A TV acaba quebrando um galho, serve como uma espécie de "babá eletrônica"."
Se a pesquisa diz que o Brasil é
um dos países onde as crianças
gastam menos tempo no computador, Fábio Zonta Gutierrez, 17, e
Marcos Antônio Pilão Jr., 10, desmentem a tese. O primeiro, além
de trabalhar em uma lan house, fica jogando mais seis horas após o
expediente. "Chego a gastar até
dez horas", diz. O comerciante
Eduardo Gutierrez, 47, apóia as
atividades do filho. "Ele não fica
só jogando. Além de ter feito cursos de computação, quer seguir
carreira. É o trabalho do futuro."
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