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Rio Preto recebe "maratonistas" do teatro
O estudante Daniel Pena, 17, assiste a 24 espetáculos em 11 dias do festival de teatro da cidade
LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO
PRETO (SP)
Se você andou pelas bandas
de São José do Rio Preto entre
o último dia 9 e hoje por conta
do festival internacional de teatro que acontece na cidade, é
provável que tenha cruzado o
caminho de Daniel Pena, 17. À
saída de "Cordélia Brasil", nesta noite, o estudante terá visto
24 dos 39 espetáculos apresentados na mostra -o total não
leva em conta performances.
A largada da "maratona" foi
dada em 29/6, quando teve início a venda de ingressos do FIT.
Os guichês seriam abertos às
13h, mas, para garantir, o jovem
chegou ao local à 1h30, cobertor, casaco e biscoitos à mão
-foi, claro, o primeiro da fila.
O procedimento se repete
durante os dias de festival; na
porta dos teatros, Pena fez amizades e ganhou destaque na imprensa local. "As pessoas me reconhecem na rua", gaba-se ele,
que iniciou o corre-corre com a
polonesa "Carmen Fúnebre",
peça de abertura desta edição.
Até ontem de manhã, as preferidas do estudante eram a carioca "Anjo Malaquias" (que
abre as cortinas para o lirismo
de Mário Quintana), "Cinco
Minutos Antes da Tempestade" (fruto do Círculo de Dramaturgia do CPT de Antunes
Filho) e "O Retorno ao Deserto" (leia mais acima).
A lista das menos apreciadas
incluía "Kavka - Agarrado num
Traço a Lápis", do grupo Lume,
sobre uma noite imaginária na
vida de um Franz Kafka (1883-1924) outonal, e o monólogo
italiano "Adágio", outro réquiem noturno. "Foi terrível. A
senhora ouvia ópera durante
toda a peça. As pessoas riam de
alívio quando ela parecia que ia
trocar o disco, mas nada. Só não
saí por respeito à atriz", diz.
Quem assiste a 24 peças em
11 dias deve ter ambições dramatúrgicas, suporá o leitor.
Pois não: o estudante deseja ser
tradutor de conferências. Sem
querer, o festival lhe reservou
"Congresso Internacional do
Medo", em que uma intérprete
saca toda a carga poética das falas dos participantes do referido fórum ao fazer as conversões lingüísticas.
Para a universitária Flávia
Carnavalli, 22, a "maratona" é
por equipes. Na dela, estão a irmã, Patrícia, 20, e a mãe, Maria
José, 50. Até o fim do FIT, elas
terão visto 23 peças. O grupo
partiu em disparada com "Kavka" ("Um pouco parada, gosto
com mais movimento", disse
Flávia), passou por "Besouro,
Cordão-de-Ouro" (a preferida
do trio) e riu com a recriação
cômica do universo de Nelson
Rodrigues em "Cachorro!".
No entanto, quase houve deserções na catarinense "O Pupilo Quer Ser Tutor", exercício
árido (sem diálogos) sobre as
relações de poder. "Esperava
ver algo mais alegre, porque a
sinopse falava em mímica. Me
desagradou."
O jornalista LUCAS NEVES e a repórter-fotográfica LENISE PINHEIRO viajaram a convite do
festival.
NA INTERNET
cacilda.folha.blog.uol.com.br
leia mais sobre o festival
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