|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
"CHOCOLATE COM PIMENTA"
Ator e presidente da Funarte afirma que apoio do presidente foi decisivo para aceitar papel
Grassi faz novela e política com aval de Lula
CLÁUDIA CROITOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
Até o presidente da República
incentivou. E o presidente da Funarte (Fundação Nacional de Arte) aceitou seu papel na novela
das seis.
"Lula me disse que ser ator era o
meu maior patrimônio. E eu não
queria romper o vínculo com a
minha carreira artística, que estava sendo deixada de lado", afirma
Antônio Grassi, 49, que desde o
início de setembro é também o
Reginaldo de "Chocolate com Pimenta", da TV Globo.
O ator e ex-secretário de Cultura do Estado do Rio diz que hesitou muito antes de aceitar o papel
na novela da Globo, onde vive um
viciado em jogo, que na semana
passada perdeu até a filha numa
aposta.
"Mas ao mesmo tempo tentei
levar em consideração o fato de
que um dos diferenciais nossos
no governo é que nós somos também artistas", diz.
"Barra-pesada"
Mesmo assim, não nega que esteja sendo "barra-pesada" se dividir entre o trabalho à frente da Funarte, um dos principais órgãos
do Ministério da Cultura, e as gravações da novela.
"Estou igual a um maluco, tentando fazer as duas coisas. Priorizo a agenda da Funarte, e a produção da novela tenta concentrar as
minhas cenas para eu gravar tudo
de uma tacada só."
Ele já havia sido convidado para
participar de "Agora É que São
Elas", que antecedeu "Chocolate",
mas recusou por achar que não
iria conciliar os dois trabalhos.
Grassi estava fora do ar havia três
anos, desde sua participação como um professor em "Malhação".
A última novela tinha sido "Força
de um Desejo", em 1999. Participou do filme "Carandiru" de Hector Babenco, e depois que assumiu a secretaria de Cultura do
Rio, no ano passado, deixou a carreira de ator de lado.
As gravações das cenas em que
seu personagem aparece são concentradas em um ou dois dias da
semana, no máximo.
Nos outros dias, se divide entre
o gabinete da fundação, no Rio, e
as viagens para despachar em
Brasília. Além disso, é ainda o encarregado de promover as sessões
quinzenais de cinema a que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
assiste privativamente no Palácio
da Alvorada.
"Todo mundo quer passar filme
para o presidente, então estabelecemos um critério: além de nacionais, obviamente, têm de ser filmes inéditos e às vésperas do lançamento. Isso já filtra muita coisa,
senão fica uma loucura."
Com tantas atribuições, o ator
diz que às vezes "dá uma balançada". "Fico preocupado até com a
própria saúde. Tem sido pauleira.
Mas fico feliz porque todas as coisas de que estou participando estão dando muito certo."
De fato, "Chocolate com Pimenta" tem sido o maior sucesso
da Globo no horário dos últimos
anos. E, à frente da Funarte, o ator
afirma que está contente com os
rumos que a entidade está tomando em sua administração.
"Nosso maior desafio é fazer da
Funarte uma fundação de fato nacional, não só no nome. Fazer
com que haja uma circulação
consistente da produção de cultura de e para outras regiões que
não apenas o eixo Rio-São Paulo",
diz Grassi.
Loteria
Atualmente, um de seus maiores projetos é conseguir ver implantada a Loteria da Cultura, que
teria a renda revertida para o ministério e pode sair do papel no
início do ano que vem.
"Estive em Brasília na última semana vendo isso. Seria a salvação
da lavoura", afirma.
No meio de tantos compromissos, o que menos sobra para o político é tempo para assistir suas
atuações na novela.
"Isso é muito ruim, não assisto
ao meu trabalho. O jeito é pedir
para alguém gravar para mim, e
de vez em quando ver algumas cenas", diz.
Texto Anterior: Retrospectiva: João César Monteiro filma o próprio réquiem Próximo Texto: João Gordo adere à "Família MTV" e abre sua vida Índice
|