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Roberto Avallone e dupla do "RockGol" batem bola sobre o futuro da mesa-redonda
Bola dividida
LAURA MATTOS
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Parecia uma mesa-redonda de
verdade, com todo mundo falando ao mesmo tempo sobre assuntos completamente diferentes.
Ícone da velha guarda dos debates futebolísticos na TV, Roberto
Avallone, 58, ficou cara a cara
com a dupla de apresentadores do
"RockGol" -que virou sucesso
neste ano ao satirizar as mesas-redondas tradicionais e tratar o futebol com humor escrachado.
A convite da Folha, o ex-apresentador do "Mesa-Redonda Futebol e Debate", demitido da Gazeta há duas semanas, conversou
com Paulo Bonfá, 31, e Marco
Bianchi, 31, sobre a mudança de
rumo dos programas esportivos
das noites de domingo. Para os
três, há uma tendência: tornar os
debates menos técnicos, fechados
a fanáticos, e usar o humor para
atingir uma audiência maior.
Apesar de concordar, Avallone
não quis ser chamado de "velho".
"O "RockGol" é o símbolo de uma
nova etapa. Mas sem descartar o
meu símbolo. Porque o que faço
foi classificado pelo Galvão Bueno
como atuação apartista. É "commedia dell'arte", inspirada no
[ator italiano] Vittorio Gassman,
o símbolo da irreverência. Sou
um cara irreverente. Tenho até
idade, mas não sou antigo."
Para Bonfá, falar em velho e novo "é pejorativo". Já Bianchi afirma que é possível falar em velha e
nova escola de mesa-redonda,
mas "o que é velho não necessariamente é ruim, e o novo não é
necessariamente bom".
Avallone encerra a polêmica:
"Vamos empatar esse jogo e dizer
que todo mundo é bom. Vocês
são novos e velhos, e eu sou velho
e novo. E fim de papo".
Abaixo, trechos dessa mesa-redonda realizada na última quarta:
INFORMAÇÃO X HUMOR
Paulo Bonfá - Há pessoas que assistem ao "RockGol" porque gostam de futebol, e há as que assistem porque gostam da gozação.
Roberto Avallone - Vocês pegaram uma fórmula boa. A minha
proposta seria a de unir os dois tipos de programa, humor com informação. Aí seria mais completo.
Porque quem conhece futebol como eu? Pouca gente.
NOVA GERAÇÃO
Avallone - O grande perigo é o
jovem artista pensar que é melhor
do que o mais consagrado. Eu tenho 37 anos de carreira. Já passei
da fase de me deslumbrar, mas tenho consciência do meu valor.
Bianchi - Não me enquadro nisso. É bom deixar claro que não estamos vindo para substituir ninguém, são propostas diferentes.
Bonfá - Nosso ponto de vista é
mais descompromissado, sem, ao
mesmo tempo, esquecer a crítica.
Mas o futebol tem que ser encarado como entretenimento, até para
limar o fanatismo, o cara que vai
ao campo para brigar.
Bianchi - Eu senti na pele o que é
o fanatismo. Fui agredido por cinco pessoas porque teria dito coisas agressivas sobre um time, sendo que a gente brinca com todos
os clubes. Estou operando o joelho pela quinta vez.
BITOLADO
Bianchi - A tendência é que os
programas mais informativos
tornem-se mais bem-humorados
e abram uma janela para o mundo, porque às vezes parece que
existe uma redoma..
Avallone - [interrompendo] Você acha que estou bitolado?
Bianchi - Acho que o programa...
Avallone - [interrompendo] Ah,
o programa. Porque falo de cinema, de teatro, de tudo.
Bonfá - Tenho uma crítica. Em
muitos momentos, os debatedores se levam muito a sério. Acho
que há telespectadores cansados
de ver pela oitava vez o cara debater se estava impedido ou não..."
VELHO X NOVO
Bianchi - Ao mesmo tempo em
que as mesas-redondas mais informativas poderão se tornar
mais bem-humoradas, as como a
nossa poderão acrescentar um
pouco mais de informação.
Avallone - Aí empatou, aí está tudo certo.
Bianchi - São propostas diferentes, que podem se aproximar. Mas
torço para que continuem existindo programas mais informativos.
Primeiro porque há público e, depois, porque sem eles não vamos
ter mais inspiração [risos].
Avallone - E o velho não necessariamente é velho. Fui a um profissional que media a idade energética. Há três anos, tinha 25, segundo ele. Então hoje eu tenho 28.
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