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Apresentador une bola a Machado de Assis
DA REPORTAGEM LOCAL
A escalação do Palestra de 1951
ou frases avulsas de Machado de
Assis. Tudo junto, ao mesmo
tempo, no pique. Assim é Roberto
Avallone, 58, a caricatura real de
um âncora de mesa-redonda.
Com sotaque "italianado" acentuado, Avallone pontua literalmente todas as suas frases. "É para enfatizar o que estou dizendo.
Entendeu, interrogação?"
Gesticula, risca o ar com o indicador e fuma sem parar. "Tenho
que admitir que sou ansioso."
Esse paulistano da Casa Verde
transformou os debates de futebol em uma alucinada sinfonia de
polêmicas em 1985, quando assumiu o "Mesa-Redonda".
Língua solta -"Sou muito sincero."-, Avallone colecionou desafetos nesse período, mas, acima
de tudo, conseguiu se transformar em um personagem muito
comentado. Muito mais do que
quando ganhou o Prêmio Esso de
Informação Esportiva pelo comando da equipe de esportes do
"Jornal da Tarde" em 1978 e 1986.
Palmeirense mais do que declarado, criou o slogan "Jornalismo
Futebol Clube" para dar peso as
suas opiniões. Instituiu também a
"tia Dora" -que existe de verdade. Atribui a ela, uma senhora de
84 anos, histórias e opiniões pró e
contra o Palmeiras.
Longe de ser uma unanimidade,
ele é, pelo menos, uma figura interessante para a televisão. Tanto é
assim que circulou por programas de TV aberta e fechada nestas
duas semanas pós-demissão.
De concreto, diz, conseguiu três
propostas: uma da Bandeirantes,
uma da Rede TV! e uma de seu
novo amigo Galvão Bueno, que o
quer todas as segundas no "Bem,
Amigos", do SporTV.
Com os cabelos sempre impecavelmente coloridos por uma rinsagem, Avallone afirma que quer
primeiro descansar e se cuidar.
"Essa é a última entrevista que
concedo. Na próxima semana,
vou tirar essas bolsinhas debaixo
dos olhos. Depois quero viajar, tomar sol e, se Deus quiser, voltar a
trabalhar em janeiro", disse pouco minutos antes de voltar atrás e
concordar em participar do
"RockGol", de seus "seguidores"
Paulo Bonfá e Marco Bianchi.
Amigos de colégio, formados na
USP, humoristas de carteirinha,
ambos não têm problema em reverenciar a sua "inspiração".
"Como torcedor do Cosmos
[dos EUA], mas simpatizante do
Palmeiras, logo me identifiquei
com o Avallone", brinca Bonfá.
"Senti na prática essa influência.
Criamos uma sátira ao Avallone
que se chamava "Mesa Quadrada
Futebol Moleque" no "Sobrinhos
do Ataíde", lançado no rádio, em
95", disse Bianchi.
(MR e LM)
Colaborou Rômulo Neves, da Redação
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