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AGONIZA, MAS NÃO MORRE
Rankings dos autores que mais arrecadam com direitos autorais inclui compositores de hits sertanejos, axé e sucessos populares
Listas abrigam "falsos desconhecidos"
DO ENVIADO AO RIO
No bonde dos maiores arrecadadores atuais de dinheiro com
música no Brasil, há gente que você pensa que não conhece, mas na
verdade conhece, sim.
O mais conhecido dos "desconhecidos" da lista atual é o carioca
Jorge Vercilo, 33. Ele frequenta as
rádios com baladas como "Que
Nem Maré" ("nada vai me fazer
desistir do amor..."), que muitos
pensam ser cantada, pelo timbre
da voz e pelo estilo, por seu colega
de ranking Djavan.
Vercilo é o que pode se chamar
de artista que se fez sozinho. Gravou entre 94 e 96 pela Continental, que nunca viu nele potencial
de sucesso de massa. Descontente, rescindiu o contrato e foi lançar de modo independente o CD
"Leve" (2000), com participação
especial do ídolo Djavan.
Na época, Vercilo vendia seus
CDs de loja em loja, e também ia
em pessoa às rádios divulgar seu
trabalho. Foi aos poucos emplacando sucessos em emissoras do
Nordeste (que ele muito frequentou) e, afinal, no eixo Rio-SP.
Embora sejam frequentes histórias de artistas desconhecidos que
oferecem dinheiro do próprio
bolso às rádios para que toquem
suas músicas, ele costuma afirmar
que o "estouro" progressivo o livrou de tais esquemas.
As explicações para o artista estar na lista dos que mais arrecadam vêm, além disso, do fato de
que ele passou a ser gravado por
cantores de um arco que vai do ultrapopular (Angélica, Netinho, Só
pra Contrariar, Cheiro de Amor)
à MPB (Caetano Veloso, Pedro
Mariano).
Atualmente ele grava seu segundo álbum pela multinacional
EMI, que também adquiriu os direitos para comercializar "Leve".
Outro líder de arrecadação é o
paulista César Augusto (está em
nono no ranking), 49, um "anônimo" que todo brasileiro conhece
sem conhecer porque é o autor de
700 músicas gravadas por Zezé di
Camargo & Luciano, Leonardo,
Roberta Miranda, Gian & Giovanni, Bruno & Marrone etc. etc.
São de sua autoria hits persistentes de rádios Brasil afora, como "Pare" (Zezé & Luciano),
"Um Sonhador" e "Festa de Rodeio" (Leandro & Leonardo).
"Nos últimos dez anos, nunca
saí das primeiras posições do
Ecad. Recebo uma média de R$ 13
mil a R$ 15 mil por mês em direitos autorais. Acho que é muito,
muito, muito abaixo do que deveria ser", afirma César.
O ranking continua, com o eterno Peninha (sucesso nos anos 70
com "Sonhos" e "Que Pena" e no
final dos 90 com "Sozinho", um
estouro na voz brega-chique de
Caetano Veloso) e a novata Kelly
Key, essa bem mais conhecida por
"Baba, Baby" e "Adoleta", em 17º.
Os sertanejos galgam mais posições. Em 14º está Rick, da dupla
Rick & Renner. Em 16º vem Piska, que, além de compositor sertanejo, faz boa parte dos sucessos
do trio bregapop adolescente
KLB. Elias Muniz, o 20º, é autor
do hit "Dormi na Praça", da dupla
Bruno & Marrone.
Carlos Colla arrecada por dois
flancos: é autor habitual de sucessos de Roberto Carlos desde os
anos 70 e se integrou, mais recentemente, ao circuito romântico-sertanejo-pagodeiro. Outro veterano, Jorge Aragão é da primeira
dentição do pagode, o "de fundo
de quintal" -só explodiu como
artista solo nos 90.
Na lista dos maiores arrecadadores em shows, outro fenômeno
acontece. Surgem dois nomes "de
ponta" da axé music, que não
aparecem na lista de rádio: Durval
Lelys, do Asa de Águia, em primeiríssimo lugar, e Bell Marques,
do Chiclete com Banana, na sétima colocação.
O fenômeno se explica: o axé tomou chá de sumiço da indústria
fonográfica, mas mantém o fogo
arrecadador pela persistência do
gênero no circuito nordestino de
shows -Bahia à frente. Nomes
como Lelys e Marques compõem
não só para seus grupos, mas para
nove entre dez estrelas de axé.
É o que explica também o segundo lugar de Carlinhos Brown
no ranking de shows -ele é autor
central da Timbalada.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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